13 de fev. de 2013

A Caverna

Por: Zé Lucas Nora

Saudações, galera! Espero que gostem desta pequena história que criei num "momento de inspiração" e possam senti-la da mesma forma que senti quando escrevi. Boa leitura!



A Caverna

O homem acorda em um lugar escuro. Não faz ideia de onde está, nem como chegou até ali, mas tem certeza de estar sozinho. É impossível enxergar um palmo a sua frente e isso faz com que ele sinta medo como nunca sentira antes.

Decide começar a andar, mas isso faz o medo aumentar. O chão é irregular e em algumas partes chega a machucar seus pés. Movendo suas mãos de um lado para outro, encosta ocasionalmente em formas variadas e de texturas diferentes. Põe-se a procurar uma parede. Talvez está se movendo muito devagar, ou o lugar é muito grande, ou talvez seu pavor fez o tempo ir mais devagar, mas parece nunca chegar.






Finalmente encontra-se no que aparenta ser uma parede. Apesar de irregular também, ao passar a mão, vê que é muito mais alta e comprida que as outras formas, deduzindo que não conseguirá escalar ou dar a volta. Senta-se no chão e espera. O que exatamente ele não sabe. Sente um vento frio em seu braço. Imagina que possa ser de alguma saída, mas como não há luz, prefere não arriscar.

O tempo passa e ele começa a sentir fome. Tateia em volta para tentar encontrar algo, mas em vão. Hesita um pouco, mas começa a engatinhar procurando água ou algo que possa comer. Mais a frente encontra um filete de água escorrendo no que passou a supor serem pedras. Uma quantidade pequena, mas melhor que nada. Fica a imaginar que poderia seguir o pequeno fluxo e encontrar um rio, que possa ter algum tipo de comida em volta. Mas novamente a escuridão o apavora. Está com muito medo de escorregar, cair num buraco ou até mesmo no possível rio. Encontra algo gramado que cresce nas rochas molhadas. Sente o cheiro das substâncias antes de ingerir. Assume serem próprias pra consumo. É claro que a fome ajuda-o a tomar essa decisão.

Muito tempo passa. Ele não sabe quanto, só sabe que é bastante pois chega a dormir e acordar várias vezes.Um dia acorda e vê uma luz. É muito forte e parece fogo. Seus olhos demoram um pouco para se ajustarem à claridade. Então se aproxima e percebe que não é fogo. É uma luz branca que nunca havia visto antes. Não emite calor mas o ajuda a enxergar, o que dá-lhe grande satisfação. E é uma visão clara. Consegue distinguir quase tudo que está próximo dele.

A luz o deixa confiante para explorar o lugar que esteve sabe-se lá quanto tempo. Rapidamente percebe tratar-se de uma caverna. Uma caverna muito incomum. Um pouco acima do que assumia ser uma parede há um gramado e nele algumas árvores com frutos. O filete de água escorria até um imenso lago cristalino. Tudo aquilo o deixa maravilhado. Alimenta-se fartamente, bebe água e dorme num pedaço confortável do gramado. Dorme como não dormia a tempos.

Quando acorda, a luz ainda está lá. Então decide procurar a saída. Percorre uma distância imensa, mas a caverna nunca acaba. E incrivelmente seus recursos também não. Sempre a frente encontra novas fontes de comida, bebida e bons lugares para repousar, o que possibilita recomeçar de onde parou.

Muitos tempo passa. Muito tempo mesmo. Já se sente um pouco mais velho. Finalmente reconhece que sua vida será ali. O que não é de todo ruim, pois está com a luz em mãos. Não sente falta de ninguém, pois nunca conheceu ninguém. Na caverna, tem o que comer e beber, tem sempre um lugar quente para dormir, sem falar nas belezas infindáveis do lugar. Cristais de várias cores, formações rochosas elegantes e lagos que tinham toda a beleza do fundo revelados pela luz.

Tem a luz em mãos. A luz lhe dá todo o conforto que precisa. A luz permite que ele viva. Não imagina como pode viver sem enxergar, apesar de ter vivido por um tempo. Passa a ver a luz seu mestre e sua salvação. Quase se esquece que por um tempo viveu sem ela. Na verdade não queria viver sem a luz. A luz lhe mostrou tudo que existia. Então logo assumiu que a luz era vida. A luz era a sua vida.



"Quando o sábio aponta para as estrelas, o idiota olha para o dedo..."
 Proverbio chinês

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