5 de jul. de 2013

A Pedra Preta: 1- Sonhos interessantes

Por: Colorado Teus

Satisfação,

meus queridos, resolvi escrever um livro sobre uma história para poder explicar melhor muito do que aprendi e venho tentando passar aqui no blog para vocês e podermos continuar com nossos estudos sobre auto-conhecimento, auto controle e auto entendimento. Vou lançar capítulo a capítulo que for escrevendo, apesar de já ter toda ela praticamente montada, só falta colocar no papel. Para não falar o nome da pessoa da história explicitamente e evitar assim alguns constrangimentos, vou nomeá-la Colorado Teus na história. Então segue o primeiro capítulo, aproveitem a história :)


Capítulo 1 – Sonhos interessantes 

 “And as we wind on down the road 
 Our shadows taller then our souls 
 There walks a lady that we all know 
 Who shines white light and wants to show 
 How everything still turns to gold 
 And if you listen very hard 
 The tune will come to you at last 
 When all are One and One is all 
 To be a rock and not to roll 

 And she's buying a Stairway to Heaven” 

 No interior de um estado de interior do Brasil, no século XXI, vivia em uma cidade, praticamente uma vila com resquícios de idade média, um adolescente chamado Colorado Teus. Durante esta história ele ainda era muito novo, aconteceu por volta dos seus 15 anos, e pouco sabia do mundo selvagem que seu país propiciava para seus moradores. Mas esta história começa exatamente quando ele começa a contestar algumas coisas que sempre engoliu por toda sua vida, pois levava em conta que tudo aquilo era normal e era o destino de todos que moravam naquela cidade fazerem. Para entendermos melhor o que levou esta história a acontecer, vou falar um pouco de como vivia sua comunidade e o que o levou ter algumas dúvidas quanto ao sistema de vida que ele e seus amigos levavam.
 Todos os dias, umas três da madrugada, acordava aproximadamente um terço de sua cidade. Uns iam cuidar das fazendas para tirar leite, cuidar de muitos animais; arar, capinar, podar, envenenar e colher alimentos das lavouras, outros iam para as padarias fazer os primeiros pães do dia, entre outros alimentos, para poder sustentar fisicamente os que viriam acordar logo depois, os trabalhadores das fábricas e lojas da cidade. Estes viviam uma vida nada interessante, pois trabalhavam das 6 da manhã às 5 da tarde, com um desconto de um pequeno tempo para o lanche que eles chamavam de almoço. Após esse horário, no que se diz do quesito trabalho, passavam ainda os garis para limpar a sujeira da cidade e outros para recolherem o lixo gerado pela maioria dos moradores e então depositarem em um lixão a céu aberto que, casualmente, dava um ou outro problema que não convém explicar. 
 Tirando o quesito trabalho, pouca coisa acontecia nesta cidade fora das casas, longe dos aparelhos de televisão e computadores. Algumas crianças saiam para brincar nas praças e campos de futebol, ahhh a infância, este período da vida de Colorado Teus foi maravilhoso para ele, a inocência de poder fazer o que quisesse após bater o sinal da escola, de brincar de pique-esconde e subir na árvore que quisesse, jogar futebol até fazer bolha no pé e viver incríveis emoções de receber um abraço e um beijo no rosto das meninas que brincavam em locais diferentes dos meninos, mas vira e mexe fugiam da visão dos mais velhos para se encontrarem na surdina com suas paixões, os guerreiros do futebol, os próximos “Ronaldos” deste país.
 Dentre as brincadeiras, ocasionalmente, principalmente quando era noite de sexta-feira treze, os meninos se reuniam em uma floresta para contar histórias de terror e encenar algumas das que eles achavam as mais horripilantes, como a história do esqueleto que carregava um tridente e andava ao lado de um cavaleiro que carregava uma foice e uma cabeça de uma caveira que ficava sempre vermelha, na cor de sangue que tocavam sempre o terror na cidade, quando eles pegavam alguém, este alguém nunca mais conseguia nem ir a igreja para tentar se salvar. Gostaria de me prolongar nestas histórias de sua infância, mas este não é o objetivo deste livro.
 Outra coisa que seria fora do comum também que vale a pena citar, pois tem tudo a ver com esta história, era o Domingo. Todo domingo ele tinha o dia todo para passar com seus pais e familiares, sempre tinham um almoço pelo qual os mais ricos deste país, se descobrissem o quão bom era, iriam pagar muito caro para tê-los (e pagam). Mas a tradição mais importante para sua família aos domingos era participar da missa da Igreja Católica Apostólica Romana, vulgo ICAR, na qual ele tocava baixo para os cânticos. Após a missa todos se reuniam em uma praça para beber bebidas alcoólicas e dançar ao som da música da moda, alguns dias tinham algumas festas um pouquinho diferentes, mas essencialmente sempre iguais, regadas a muitas garrafas de bebida e algumas garrafadas.
 O importante disso tudo que falei até agora é perceber que a vida destas pessoas não passava de trabalhar para sobreviver e sobreviver para trabalhar, tendo assim um sentimento de que seus deveres para com a sociedade estavam quitados, podendo então assistir novelas e jogos de futebol à noite tranquilos e poderem falar sobre nos canais de conversa online. Mas a infância de Colorado Teus tinha sido mágica, com emoções que tocavam seu coração e faziam-no feliz em seu mais íntimo. Porém, quando teve que morrer para a vida de criança e passar para a vida adulta, de trabalhador, começou a ter alguns problemas, principalmente problemas existenciais. Estes problemas foram aumentados quando ele começou a gostar de um novo estilo musical, o Rock and Roll, que, naquela época, era um estilo muito comum entre os músicos e instrumentistas devido ao teor médio para difícil de serem reproduzidos ao vivo, ou seja, era ótimo para quem gostava de praticar e evoluir com seus instrumentos musicais.
 Uma coisa de diferente este adolescente tinha de seus amigos da igreja que compartilhavam com ele este gosto musical, ele queria saber o que diziam as letras daquelas músicas, gostaria de entender o que se passava na cabeça daqueles que entoavam lindos e harmoniosos, algumas vezes dissonantes, gritos nos clássicos musicais; foi aí que conheceu Johnny. Este era um cara super tranquilo, não saia muito de casa, vivia de sustentar seus vícios que era o cigarro de palha, vídeo-game e o bom e velho rock'n'roll; sua casa era cheia de pôsteres e mantinha sempre um ambiente bem dark, onde jogava Resident Evil e assistia Walking Dead. Johnny conseguia para Colorado Teus as letras das músicas e traduções que ele pedia e começaram a ficar muito amigos. Mas, como dizem por aí, alguns bens vêm para o mal, e este começou a querer viver uma vida como a de Johnny.
 Mas, afinal, o que é o mal? Qual o problema em viver uma vida simplesmente de vícios e tocar o foda-se para aquela vida que os amigos e familiares do nosso herói planejavam para ele? Mas as coisas não eram tão simples assim, quando os pais de Colorado Teus perceberam o rumo para o qual este estava caminhando, resolveram começar uma nova abordagem nas conversas que tinham com ele, as discussões foram até o ponto em que seus pais falaram que se ele quisesse levar uma vida daquelas, teria de ganhar seu próprio dinheiro e sair daquela casa. O adolescente percebeu a cilada em que estava se metendo e resolveu dar uma segunda chance para a vida que seus pais tinham planejado para ele, porém prosseguiu com o rock e a amizade com Johnny.
 Nos estudos das letras das músicas ele tinha contato sempre com energias muito diferentes das da cidade em que ele vivia e isso gerou em seu subconsciente um caráter de conflito muito grande, com o qual ele começou a contestar tudo que aparecia em sua frente, se tornou uma pessoa muito ranzinza como diria a mãe dele. Foi ai que ele começou a ter algo que não tinha há tempos: sonhos. Sonhava com guerras, brigas, tiroteios, caveiras que tentavam capturá-lo e ele se esgueirava, sonhava com buracos cheios de zumbis, com Jesus pregado na cruz pedindo socorro, sonhava com demônios...com estes ele começou a ter medo, mas ao mesmo tempo curiosidade, e foi conversar com o padre de sua cidade local, João Francisco.
 - Padre, gostaria que você me falasse um pouco sobre o que você sabe de demônios, ando tendo sonhos horríveis e não sei a quem recorrer além de você.
 - Meu querido filho, demônios são seres muito perigosos, seres que você nunca iria querer ver por perto pois a única coisa que sabem fazer é trazer sofrimento a tudo que chega perto deles; se estão aparecendo nos seus sonhos, o que resta a você é rezar para que Deus, o todo poderoso, possa afastá-los de sua vida. 
- Mas João, eu não passo um único dia sem rezar o Pai nosso e algumas ave-marias antes de dormir, será que eu não mereço a atenção de Deus?
 - Deus está em tudo, sabe tudo e pode tudo meu filho, se ele não está te ajudando é porque não merece, reze mais e ajude mais nossa santa igreja que terá a ajuda que precisa com certeza.
 - Mas padre, se deus está em tudo, os demônios são o quê?
 - Isso é coisa que se pergunta? Você por acaso está insinuando que Deus é o Satanás? É por causa desse tipo de pergunta que ele provavelmente não escuta seus pedidos e faz da sua vida esse inferno que você vive. Só podia se ver a ira nos olhos do padre, ele aumentou o tom de voz e proferiu estas palavras: - Sua mãe me disse que você tem andado com aqueles rockeiros da cidade, são a escória da sociedade, eles cultuam vários tipos de demônio em suas músicas e lutam contra a felicidade daqueles que tem seus trabalhos dignos e boas famílias. Logo você estará querendo colocar esse tipo de ideia de som de Shaitan nas músicas da Igreja e irá tentar nos atrapalhar de dentro para fora, ai de você se continuar vendo estes seus amigos, iremos te tirar do grupo e farei um pedido exclusivo para sua mãe dar-lhe um bom castigo.
 Saiu sem nem querer ouvir qualquer tipo de resposta para o que disse e Colorado Teus não sabia o que fazer. Seus pensamentos ficaram caóticos, ele não sabia o que falar para seus pais, tudo conspirava contra qualquer mínima coisinha que podia lhe fazer feliz e, agora, nem dormir em paz podia mais.
 Chegou em casa e não conseguiu ter uma conversa razoável com seus pais que ficaram bravo por ele não deixá-los concentrar na novela. Ficou com medo de tocar seu baixo devido ao que o padre falou e então foi para seu quarto. Ao apagar a luz sentiu um arrepio em sua coluna, sentiu, pela primeira vez, medo do escuro, medo de encontrar aquelas horripilantes criaturas ali mesmo no seu quarto. Reacendeu a luz, mas não conseguiu dormir pois esta atrapalhava seu sono. Criou coragem e voltou a apagá-la e conseguiu dormir.
 Este sonho parecia muito real, ele conseguia sentir todas as sensações como se estivesse vivo. Era tarde no sonho, ele caminhava com seu amigo Johnny por uma estrada, até que encontrou uma encruzilhada. Nesta encruzilhada tinha uma caveira, que portava um tridente, uma coroa tríplice e uma longa capa vermelha e preta, que os intimidou:
 - O que fazem no meu campo a esta hora crianças?
 Responderam com muito medo:
 - Estamos só de passagem senhor.
 - E quem disse que vou lhes permitir a passagem?
 - Ninguém disse, podemos?
 - Não podem, agora que estão nos meus domínios, estão sob meu poder e são minha responsabilidade. Aliás, se Deus é tudo, é claro que o diabo é parte dele!
 - Que tipo de asneira é esta que você está falando seu demônio? Como você sabe da discussão que tive hoje?
 - Esta encruzilhada que eu guardo é a encruzilhada de seus pensamentos.
 Com medo, Colorado Teus começou a rezar. 
 - Creio em Deus pai todo poderoso... E foi interrompido:
 - Me responda criança, se ele é o todo poderoso, onipotente, ele consegue criar uma pedra indestrutível?
 O adolescente olhou aflito e não conseguiu nem uma resposta nem continuar a reza. E então a caveira continuou.
 - A lógica humana sobre Deus me parece muito falha, se existe algo onipotente, ela seria capaz de criar algo indestrutível? Se ela consegue criar, ela seria capaz de destruí-lo? Se for capaz destruir, ela não foi capaz de criar algo indestrutível. Colorado teus quase pirou, fez muita força e acordou em sua cama...e estava muito escuro. Mais uma vez um arrepio lhe correu a coluna e ele não sabia o que fazer. Se ficasse acordado não teria energias pro próximo dia, se dormisse iria encontrar com criaturas que ele, sem dúvidas, não gostaria de encontrar de novo.
 A noite foi longa, as perguntas começaram a fervilhar sua cabeça. No outro dia de manhã ele estava exausto e foi conversar com seu pai. Ele precisava de respostas acerca de sua existência, precisava de conselhos. Seu pai lhe disse:
 - Todos os dias o leão acorda cedo para caçar seus alimentos na floresta, tomemos o caso de um veado. O veado, sabendo disso, após ter visto seus familiares morrerem, começa também a acordar cedo para poder fugir dos leões que o atacam.
 - Mas pai, o leão é um animal noturno, ele caça geralmente à noite.
 - Esse não é o foco do ensinamento filho, o foco deste ensinamento é a luta pela sobrevivência. Todos os dias, cada um com sua função, as pessoas precisam acordar e ir à luta para sobreviver. A sociedade foi desenvolvida de modo que uma pessoa ajuda a outra e todas consigam um pouco mais de conforto para sobreviver. O dinheiro funciona mais ou menos como um potencial, ele é um cálculo do quanto você trabalhou pela sociedade e então esta precisa lhe dar algo em troca por isto e é assim que sobrevivemos.
 - Mas isso não faz sentido, não faz sentido trabalharmos até morrermos e não sermos felizes, feliz como eu fui quando criança, quero continuar sendo criança ou prefiro morrer. 
 - Já vai começar mais uma vez com estes papos de rockeiro? Aceite a condição em que está, por não estar passando fome e ter o prato entupido da comida que mais gosta, poder ser carregado e carregar gente nas costas, agradeça a Deus o dom da vida que Ele te deu.
 - Pra mim isto não faz sentido pai, já não me basta todos estes pesadelos que venho tendo toda noite.
 - Quando estiver tendo estes pesadelos filho, reze o Credo na frente destes demônios que eles não vão conseguir se mover perante a primeira frase da oração. Foi neste momento que outro arrepio correu sua coluna, a situação da noite passada conseguiu ficar ainda mais estranha do que já estava. Aquele demônio era realmente poderoso, parece que ele tinha conseguido prever o que ia acontecer e Colorado Teus pirou.
 À noite, ele não conseguia dormir de medo do escuro pois parecia que aquela caveira estava à sua espreita, esperando-o o dormir para abordá-lo novamente, então tocou o foda-se e foi praticar a pior das heresias, começou a imaginar uma mulher e então a se masturbar. O orgasmo não chegava e sua mão parecia acariciar uma parte qualquer do seu corpo, não tendo sensações boas como já tivera. Uma hora ele desistiu, mas virou para o lado e logo dormiu.
 Em seu sonho ele estava dentro de um castelo, de frente para uma porta com uma maçaneta no formato de um falo ereto; ele a abriu com algum receio e entrou numa sala que tinha uma cama vermelha maravilhosa, mas mais bonita ainda era a mulher que estava deitada nesta cama, em posição que imitava alguém morto. A mulher era ruiva, pele morena, cabelos ondulados, olhos bem verdes e corpo maravilhoso, a mulher literalmente dos sonhos de Colorado Teus. Ela acordou e eles começaram a ouvir um som de órgão no ambiente, uma música sinistra. Ela então disse:
 - Venha senhor dos mortos, tome Sara Kali como sua amada e dancemos sua dança pela eternidade de nossas existências.
 Sem pensar duas vezes ele a agarrou e começaram a dançar uma dança muito estranha, mas que por algum motivo ele sabia muito bem. Por um momento ele olhou sua mão que segurava a mão de Sara Kali e viu uma mão de esqueleto, se assustou e continuou dançando. Ele até hoje não sabe o porquê, mas proferiu estas palavras do nada:
 -Agora minha querida dancemos, dancemos em honra ao túmulo!
A dança tomou um ritmo mais forte e marcante e os símbolos do corpo de Sara Kali começaram a emanar uma luminosidade muito grande. Após um tempo ele a despiu e eles fizeram sexo até Colorado Teus acordar todo molhado em sua cama...que sonho estranho! Pelo menos ele teve algum prazer no meio de toda esta guerra existencial que vivia e percebeu que existe algo que ele gostaria de fazer pela eternidade. 
Ainda era madrugada, ele então resolveu sair de sua casa e ir à casa de seu amigo Johnny, para lhe contar o que havia acontecido. No caminho ele se deparou com uma cigana, uma negra muito velha que se apoiava em uma bengala e usava um lenço para tampar quase todo o corpo. Ela exclamou:
- Tem aproveitado bastante o plano espiritual ein filho! Quem diria você ter conhecido a filha do nosso senhor Jesus Cristo...e ainda mais fazer o que fez com ela! A reação de Colorado Teus foi indescritível.
- Bom, cabeça aberta para uma visão diferente, o que tens a me dizer dona Egídia?





Vai dar certo!

Um comentário:

  1. Muito bom, Lucas! Sabes muito bem contar histórias!

    Abraço!

    Ian

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