1 de ago. de 2013

Sobre o Pontífice e as Manifestações

Por: S5N Magaiver

Tenho visto muitas pessoas terem posturas anti-católicas e anti-papais potencializadas pela Jornada Mundial da Juventude. Na manifestação desta quarta de noite no Rio de Janeiro, um grupo de manifestantes se reuniu no Leblon em frente à casa do Governador Sérgio Cabral (até aí ok) e então marchou rumo à Copacabana (local onde está o palco da JMJ e os peregrinos).

Enquanto estavam entre os dois pontos, os manifestantes gritavam contra os gastos públicos com o evento (até aí ok também). Porém, quando os manifestantes se aproximaram dos peregrinos, começaram a vaiar e hostilizar os visitantes internacionais de nosso país.



A partir daqui começa minha reflexão: A grande maioria dos que caminharam até Copacabana são nitidamente de maior poder aquisitivo. Enquanto estavam no Leblon, muitos dos participantes eram moradores da favela do Vidigal e outras favelas das proximidades.

Esses que tem maior poder aquisitivo são da faixa etária de 25 anos (apesar de muitos terem os rostos cobertos, é possível concluir isso facilmente). Essa geração é, em grande parte, feita por pessoas que são formados apenas com valores econômicos e financeiros e, apesar de terem famílias, estas não são estruturadas. O maior contato que existe é da mesada que os pais dão e durante as férias viajam para a Europa e ficam longe da família. Acreditam, assim, que estes valores são suficientes e os dão autonomia para quaisquer atitudes. Por terem apenas estes valores (econômicos e financeiros), não conseguem lidar e aceitar outros valores que para eles são tão ilógicos, como os morais e éticos, principalmente a fé (independente de em quem ou em que).

Em comunidades mais pobres, como os morros cariocas, periferias baianas e etc... existe uma aceitação muito maior dos valores diferentes, pois eles reconhecem a importância que estes valores não econômicos em suas vidas sofridas. Sem a fé (não importa em que ou em quem), seria quase impossível sobreviver. Por isso, evangélicos, umbandistas, e católicos, entre  outros, convivem com poucos atritos nessas comunidades.
O pontífice falou muito pouco (praticamente nada) sobre a igreja como instituição, citou algumas vezes Jesus Cristo, mas falou principalmente da fé, da esperança, da humildade e da solidariedade (valores que permeiam praticamente todas as religiões). Ele fala para muito além de seu ‘rebanho’ católico apostólico romano. A palavra convence, o exemplo arrasta: O Papa, em sua chegada, se locomoveu em um carro popular, enquanto os chefes de poder do Brasil usaram helicópteros militares e os jornalistas foram escoltados pelo exército.

Sim, o Cardeal Jorge é homem, pecador, falho, faz cocô, fica gripado... Mas quem saiu da Capela Sistina no último conclave não foi este homem, foi o Pontífice. Uma instituição. O representante de Deus na terra para os católicos. Se você não concorda com eles, tudo bem. Tenho certeza que a maioria dos católicos não estão tão preocupados com a santidade do Papa, e sim com a aceitação de Jesus Cristo (novamente não o homem, mas o símbolo, o que ele trouxe de positivo, assim como o Pontífice). Os “descrentes” clamam por um milagre do homem que é considerado santo: Não vai acontecer! Ele não vai fazer um kamehameha ou genki-dama, muito menos voar numa nuvem dourada.

Para mim, o milagre é recuperar a fé das pessoas. Inspirá-las a fazer um mundo melhor. É possível que as palavras do Pontífice tenham desencorajado um pai de família a se perder no álcool e encorajado a olhar para seu filho e lembrar que sua família (aqueles que ele ama e sem fazer apologia à família “tradicional” criticada por muitos) vale mais. Apesar de falar para muitos, poucos querem ouvir, eles estão surdos. Sabedoria não tem religião, nem idade, nem cor. Muitos só acreditam vendo, mas não conseguem ver além do físico. Sinceramente, deve ser muito chato viver sem crer no mágico, no impossível, em milagres, no que ultrapassa nossa capacidade humana e limitada de compreensão.


Inspirar e renovar a fé daqueles que dificilmente terão valores financeiros ou econômicos nessa vida, mas aumentar seus valores não materiais. Esse é o milagre. Afirmar que a força está dentro de cada um (como disse em um de seus discursos). Renovar a esperança. Fazer a ponte entre o divino e o profano. Ser um “fazedor de pontes”. Esses são os milagres do Papa Francisco. 

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