5 de mai. de 2014

Breve introdução à Magia, Parte 4

Por: Colorado Teus

Satisfação,

nas outras partes de 'Breve introdução à magia', que podem ser acessadas clicando aqui, falamos sobre a capacidade do ser humano em conectar o mundo que vive com o mundo das ideias e como ele pode utilizar um para modificar o outro, o que é chamado de Magia quando feito de maneira intencional.

No último texto explicamos o que são fórmulas mágicas e como a união de várias delas podem formar um ritual. O ritual é uma encenação que, ao atuarmos nele ou observarmos a performance de outras pessoas, podemos expandir nossos limites da percepção ou nos lembrar de ideias muito importantes que, com o decorrer do tempo vão sendo deixadas de lado.

Vamos a uma análise simples e direta do que a encenação do ritual proposto na parte 3 nos modifica para, então, podermos prosseguir com as explicações.

Na primeira parte forma-se a Cruz Kabbalística, esta cruz está no próprio corpo do mago, mostrando que ele se faz como o meio de manifestação daquilo que está dentro de sua cabeça ("A ti" no momento que ele toca a testa).

Na segunda parte ele diz: 'Criador, Senhor, Eu sou para sempre poderoso', lembrando para o criador e para si mesmo que o mago tem o poder de criar e modificar o mundo de acordo com seus comandos, e junto também cria os pentagramas, que representam o espírito dominando os quatro elementos quando a ponta está para cima, com ênfase em banir ou invocar um elemento¹ específico, de acordo com qual ponta ele começa a ser traçado e em qual sentido ele é criado (no texto anterior mostra o de banimento, para invocar basta mudar o sentido da seta da imagem).

Invocando e Banindo o elemento Ar


Após toda esta criação e auto afirmação, o mago mostra que os pentagramas funcionam de acordo com sua Vontade, pois, quando os comanda a brilhar eles realmente brilham, e também por estar consciente de pertencer à Lei do Equilíbrio (que é representada pela estrela de seis raios).

Então o ritual é finalizado com um reforço na Cruz Kabbalística. Só para começar, podemos utilizar este ritual para pelo menos 10 coisas diferentes só modificando a forma como traçamos os pentagramas, são elas: diminuir (banimento) a atuação do físico, mental, emocional, intencional e espiritual em si próprio ou aumentar (invocação) a atuação destes mesmos 5 planos em si mesmo. As possibilidades são infinitas, o interessante é cada um perceber o que precisa e então utilizar os rituais para modificar a si próprio de acordo com sua Vontade (é praticamente uma auto programação).

O ritual para o Banimento da Terra é o mais comum de ser recomendado no início, pois normalmente quando a pessoa está começando a trabalhar com os outros planos, o plano da Terra está atuando em excesso na vida da pessoa, então ele é usado para tirar este excesso. Utilizem com sabedoria e cuidado para não ferirem aqueles que não merecem, já que para toda ação existe uma reação e este é um ritual que pode chegar até a matar, principalmente formas pensamento.



Como dissemos, cada fórmula mágica remete a uma percepção de mundo e é aí que precisamos começar a ter um certo cuidado. Cada pessoa passa por diferentes experiências de vida e elas variam muito de cultura para cultura, região para região, época para época, até mesmo de família para família, com isso, dificilmente um brasileiro irá perceber o mundo como um japonês ou um europeu, pois a carga de aprendizados é muito distinta. Se existe uma divergência na percepção, uma fórmula mágica criada por um japonês dificilmente será bem utilizada por um brasileiro; para conseguir utilizá-la bem, este precisaria passar por um treinamento e vivência para entender como a fórmula foi criada, em que contexto (pode variar muito de época para época), com que finalidade, etc. Vamos a alguns exemplos simples de como os símbolos, fórmulas e diferentes percepções de mundo (as três partes que somadas compõem os sistemas mágicos) modificam completamente o resultado:

1º - Símbolos = ingredientes, fórmulas = receitas e percepções = cozinheiros.

* Peça para que um cozinheiro de comida italiana, que nunca comeu comida japonesa, fazer um Temaki para você. Mesmo que você forneça os ingredientes necessários e a receita correta, ele terá muitas dificuldades e jamais sairá com um legítimo Temaki do Japão.

* Peça para um cozinheiro de comida japonesa que saiba fazer um Temaki, para fazer um com arroz brasileiro, couve e carne de tilápia.

* Peça para um Japonês que nunca cozinhou na vida mas já comeu Temaki, que faça um, dando a ele os devidos ingredientes e uma receita somente de como fazer Tempurás.

2º - Símbolos = notas musicais, fórmulas = frases e percepções = músicos.

* Peça para um rockeiro norte americano tocar um Funk Carioca, mesmo dando as devidas notas e frases.

* Peça para um violeiro fazer uma moda de viola com o campo harmônico natural, mas fazendo frases de rock.

* Peça para um músico sertanejo para fazer um sertanejo com escala de blues.

3º - Símbolos = cores, fórmulas = técnicas de desenho e percepções = artistas.

* Peça para um índio brasileiro fazer o desenho de um Deus Hindu.

* Peça para um desenhista indiano fazer o desenho de um Deus Hindu mas com tintas naturais aborígenes.

* Dê para um índio brasileiro uma caneta e ensine algumas ideias da Alquimia, então, peça para ele fazer um desenho alquímico.


Tentei expôr alguns exemplos de situações que criam complicações ao se utilizar um sistema mágico após uma miscigenação cultural/temporal, o intuito é que cada um pare para pensar e tente se colocar no lugar do criador dos rituais e sistemas que utiliza, tente encontrar qual o intuito daquele ritual do ponto de vista de quem o criou, respeitando a época em que foi criado, analise-o e tente não performá-lo pensando como você pensava naturalmente (algo bem prático: tudo que um samurai dizia já podia ser considerado feito assim que ele proferia as palavras, enquanto quase 99% dos brasileiros não tem um pingo de honra no que diz que irá fazer, sendo assim, 'não mentir' é uma ideia necessária de ser frisada em quase todos os sistemas mágicos feitos para brasileiros, enquanto é desprezível nos feitos para samurais).

O exercício prático que venho propôr neste texto é: recorde ou reestabeleça suas metas e objetivos de vida, com isso, analise quais sistemas lhe serão úteis para conseguir o que quer e tente não ficar perdendo energia onde não precisa perder. Muitas pessoas participam de 20 sistemas (somando ordens, escolas e religiões), mas não aprendem nada com nenhum, então antes de aderir ou seguir algum deles, analise se vale a pena para o que você precisa, reflita se você já domina um antes de precisar de outro, se o sistema que você achou pode se adequar à percepção do mundo em que você vive ou se as ideias de um não entram em conflito com as de outro que você já participa e gosta. Viva cada sistema, se misturar tudo de uma vez não irá entender o que cada um faz especificamente na sua vida, será difícil analisar os resultados sem saber de onde vem exatamente cada atuação e você pode ficar perdido no meio de muitas ferramentas. Um exemplo prático para fechar este texto.

Se você fizer duas aulas de culinária em um único dia, na primeira aprender a fazer feijoada e na outra Temaki, como você vai saber qual te deu indigestão ao final do dia? Como vai saber qual está te dando uma reação alérgica? Como vai saber qual te nutriu melhor? etc. Durante as primeiras análises e o início do aprendizado é muito importante que as amostras sejam bem escolhidas e coletadas com um certo controle. Misturar vários sistemas pode sim dar certo e ampliar suas percepções, pode não dar nenhum problema, mas é muito difícil de se analisar os resultados e se ter controle, então cuidado.

Divide for conquer! (Divida para conquistar)

Vai dar certo!

                                                                                                                                      
¹ - Para saber melhor qual elemento invocar ou banir é preciso entender o efeito de cada um, para começar a ter uma ideia, acesse o texto Os Quatro Elementos.

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