12 de fev. de 2016

Desenvolvimento Mediúnico na Umbanda

Por:Colorado Teus



1. Introdução



Para entender como se dá o desenvolvimento mediúnico, precisamos entender alguns conceitos e mecanismos que conotam as relações entre os mundos físico e o metafísico. Digo “conotam” justamente porque nem todos conseguem perceber com clareza o mundo metafísico, assim, precisamos usar metáforas que nos auxiliem a compreender algo que não se conhece completamente, fazendo analogias com coisas que conhecemos.

Chamaremos de mundo físico tudo aquilo que conseguimos perceber com os cinco sentidos (tato, olfato, paladar, audição e visão) e metafísico, aquilo que não é tão claro para eles. A porta de comunicação que existe entre nosso corpo e o plano metafísico é o que muitos chamam de ‘imaginação’; a imaginação se refere às imagens que se movimentam em nossa mente, uma das capacidades humanas que mais favoreceram nossa evolução.


Através da imaginação podemos perceber padrões de acontecimentos e antecipar resultados; através da imaginação podemos simular uma situação que ainda não aconteceu, para tentarmos saber quais são os possíveis resultados sem precisar experimentar (todo processo lógico passa pela imaginação); podemos provocar diversas sensações e emoções em nós e nos outros (feche os olhos e imagine, com todos os detalhes, lembrando-se de todas as sensações, como é morder um limão; se sua imaginação não estiver adormecida, você ficará com água na boca).

A imaginação é uma ferramenta extremamente poderosa, muitas pessoas que sabem de seu potencial tentaram criar uma crença de que ‘coisas da imaginação’ são coisas de ‘pessoas lunáticas’. A explicação que tenho para isso é que fica muito mais fácil dominar pessoas sem imaginação, sem criatividade, pois elas sempre repetirão os mesmos padrões e agirão como um zumbi.

Qualquer exercício que se utilize da imaginação é um exercício que nos ajuda a melhorar a conexão com o plano metafísico. Por isso é comum (não obrigatório) que os médiuns mais desenvolvidos tenham muitos talentos artísticos (música, pintura, poesia, escultura, desenho, trabalhos manufaturados, habilidades de construção, organização de ambientes, criação de histórias etc.). Não é obrigatório porque alguns médiuns têm dificuldades mecânicas, no corpo físico, que atrapalham a manifestação/materialização daquilo com que eles estão em conexão. Passar horas observando os pensamentos, imaginando coisas e lendo livros narrativos também são ótimos exercícios para esse desenvolvimento.

É extremamente importante frisar que esses talentos são desenvolvíveis, todos podem desenvolver qualquer talento artístico; algumas pessoas têm uma tendência natural para desenvolverem com mais facilidade, porém, elas não ganharam isso de graça. Na Umbanda dizemos que a pessoa já praticou muito em vidas passadas. Mesmo um Milton Nascimento da vida, um dia, em alguma encarnação, foi alguém super desafinado, mas que tentou, tentou, tentou e tentou, até se tornar esse cantor fantástico que é hoje.

O que muitos confundem, com relação à imaginação, é que apesar de podermos criar o que quisermos com nossa mente, nem tudo que está lá foi criado por nós. Para aprendermos a discernir entre o que é criado por nós e o que estamos percebendo mediunicamente, precisamos aprender a cessar o que muitos chamam de ‘voz interior’, pois é através dela que criamos com a imaginação. Criar não é o problema em si, o problema é criar desordenadamente, contra nossa Vontade. Para termos esse controle, precisamos desacelerar nossos pensamentos, entrar em um estado de tranquilidade e concentração que é chamado por muitos de ‘estado meditativo’.



2. Meditação

Existem inúmeras técnicas de meditação, mas o principal objetivo de qualquer trabalho meditativo é controlar a voz interior. A voz interior é essa voz que se ouve ao pensarmos qualquer coisa, um eco dos nossos pensamentos. Para a grande maioria é extremamente difícil simplesmente cessar essa voz, por isso grandes iniciados desenvolveram técnicas que nos ajudam a controlá-la.

Antes de tentarmos utilizar qualquer técnica de meditação, precisamos entender que com esse processo estaremos abrindo as portas da imaginação, assim, estaremos em uma zona perigosa, pois o plano metafísico é extremamente instável para pessoas que ainda não se resolveram internamente. O que é uma pequena desavença entre amigos aqui no nosso plano, no plano metafísico pode ser visto como uma grande guerra. Assim, indicamos que sempre se medite em locais protegidos, em alto astral. Pode ser em um campo natural (na cachoeira, no mar, na mata, na montanha etc.) - de preferência sem desconhecidos por perto, pode ser dentro de um templo construído pelas mãos humanas ou você mesmo pode criar essa proteção.

Se quiser criar você mesmo essa proteção, visualize em azul claro:

· Um círculo em volta do recinto onde está

· Uma pirâmide dentro da qual está seu recinto

· Uma estrela de cinco pontas em cada porta ou janela



Há rituais mais complexos que podem ser feitos para a melhoria dessa proteção, além de existir a possibilidade de pedirmos para um guardião fazer a proteção para nós. É possível também fazermos orações para conectarmos nossos pensamentos com fontes de boas energias, como orações ao ‘Anjo da Guarda’ (vale lembrar que a maioria das orações umbandistas são cantadas) ou aos Orixás.

Depois de criada a proteção, vamos aos três passos para a meditação, propostas por Donald Michael Kraig, em seu livro ‘Modern Magick’:



I. Relaxamento: Antes de querermos acalmar a mente, precisamos acalmar o corpo físico. Para isso, sente-se ou deite-se em uma posição confortável e visualize em seus pés uma bola de luz dourada e quente. Mova-a lentamente, esquentando e iluminando todas as partes de seu corpo. Ao terminar, visualize-se brilhando na mesma cor dourada.

II. Contemplação: Com a contemplação colocaremos toda a nossa concentração em uma imagem, ao ponto de nossa mente se tornar una com a imagem. Quando tivermos fixado em nossa mente todos os detalhes da imagem, fechamos os olhos e imaginamos essa imagem detalhe a detalhe. Além desse processo nos ajudar a desenvolver a concentração, desenvolvemos também as capacidades imaginativas. Qualquer pensamento que aparecer e não tiver relação com a imagem deve ser ignorado neste momento.

III. Negação: Uma vez que sua mente se tornou una com a imagem que criou mentalmente, imagine essa imagem se esvanecendo, queimando e sumindo, de cima para baixo. Quando toda a imagem desaparecer, por algum tempo sua mente também desaparecerá e você automaticamente estará no estado meditativo. Simplesmente deixe ser, a partir de agora, sua mente se conectará com algum processo interior ou ser exterior que estiver perto, se for seu mentor ou guia, você terá uma ótima experiência evolutiva.



O treinamento meditativo é excelente para qualquer prática mediúnica ou artística, assim como essas práticas nos ajudam a ter melhores experiências meditativas, é uma via de mão dupla. Como costuma dizer Marcelo Del Debbio, a visualização e a meditação são as abdominais e as flexões do médium que quer se manter em forma para os trabalhos espirituais.



3. Corpos espirituais

Existe uma grande diferença entre ‘alma’ e ‘espírito’. A alma é um derivado do termo hebraico ‘Nephesch’ para o latim, e significa ‘aquilo que anima’. Alma é uma ‘energia’ que dá vida aos objetos, a mesma que estava no sopro de Deus quando ele deu vida ao barro, a mesma energia que os chineses chamam de Chi, que os hindus chamam de Prana, que os alquimistas chamam de Éter, que os europeus chamam de Luz Astral, que os gregos chamam de Quintessência, que os magnetizadores chamam de Bioenergia, que os Reichianos chamam de Orgone, que os psicólogos chamam de Energia Psicossexual e que nós, Umbandistas, chamamos de Axé.

Essa energia está presente em todos os seres vivos e é responsável pela vitalidade. Podemos absorver essa energia através do ar, da água, de alimentos e rituais. É uma tendência que essa energia saia de um corpo quando ele cessa seu ciclo vital (ou seja, morre), assim, essa energia aos poucos se dissipa no ambiente. O congelamento pode ajudar a retardar a perda dessa energia.

Quando colocamos uma erva, uma fruta ou alimento no altar, estamos doando Axé para os seres espirituais e mentores que trabalham conosco. Da mesma forma podemos colocar fogo, água, incenso e elementos sólidos (como uma pemba ou uma moeda) para doarmos Axé para a equipe espiritual. É indicado que todo médium em desenvolvimento tenha um altar e que deixe pelo menos uma vela e um copo com água nele. Troca-se o copo com água toda vez que a vela acabar de queimar. Um altar sempre alimentado garante força integral para todos os espíritos que o ajudam e guiam e é excelente para a proteção e o desenvolvimento mediúnico.

Com relação ao ser humano, todos os líquidos corporais saem com um pouco de Axé dele mesmo, principalmente se houver grande uso de sua Vontade ao produzir esse líquido. O sangue é ótimo se fizermos um pequeno furo em nós mesmos com esse intuito. O sêmen pode ser bom se a pessoa conseguir se concentrar, durante todo o ato sexual, em seu objetivo. A saliva é muito utilizada na Umbanda, principalmente durante os trabalhos, quando a entidade usa a energia de um cuspe para realizar um banimento ou uma descarga; a saliva também está envolvida no ritual de beijar algum objeto sagrado. O último dentre os mais utilizados é o suor, em que se faz algum exercício físico pensando no objetivo e depois molha-se um objeto com ele; normalmente se utiliza muito o suor das mãos, que sai com a energia dos Chakras secundários que lá ficam, ou seja, apenas de se tocar o objeto com a mão suada transmite-se o Axé.

O Axé compõe o corpo que os espíritas costumam chamar de ‘duplo-etérico’, o corpo que faz a ligação entre o espírito e o cérebro. É uma energia que fica no limiar entre os dois planos, é ela quem abre as portas da imaginação.

Da mesma forma que a alma (Nephesch) anima o barro e nos dá vida aqui em nosso plano, existe uma alma superior chamada de ‘Ruach’ que dá vida ao espírito. O espírito é constituído pelo Axé, assim como nossa imaginação e nossos pensamentos, e aqui temos um dos maiores teoremas da magia, nas minhas palavras:

“Os espíritos e nossa imaginação são constituídos pela mesma substância, portanto, eles podem interagir entre si.”

Assim, podemos causar modificações no que vive no plano espiritual com nossa imaginação e vice-versa. Por isso símbolos são tão poderosos, já que eles acabam se tornando grandes concentrados de Axé que podem ser usados pelos espíritos para causar modificações em nós, e por nós para causarmos modificações nos espíritos.

Existem muitos tipos de Axé, da mesma forma que existem muitos tipos de elementos químicos. A Umbanda chama de ‘fator’ um Axé puro e classifica-os de acordo com a regência dos Orixás. Assim, um fator de criatividade está na regência de Yemanjá e pode ser encontrado no mar, nas ervas de Yemanjá, em suas pedras, em suas velas, em suas comidas sagradas, em suas flores, frutas etc. Sempre que quisermos um tipo de força vital em nosso duplo-etérico, basta buscarmos nos elementos ligados ao Orixá que rege essa força.

É possível buscar mentalmente o Axé, para isso precisamos fazer o ritual de relaxamento e fazer a meditação contemplando um símbolo que é ligado a uma fonte arquetípica (como cartas de Tarot, Runas, Búzios, Guias e Colares, Imagens de santos consagradas etc.).

Normalmente as entidades conseguem perceber as carências e excessos de cada tipo de Axé em nossos corpos mais sutis, assim como um médico analisa a falta ou o excesso de um elemento químico ou composto em nosso corpo. Assim eles fazem o devido tratamento para recuperarmos nossa vitalidade e nos tornarmos pessoas melhores. Aqui cabe fazermos um novo enunciado:

“A função da Magia e da Espiritualidade é tornar o ser humano alguém melhor, para si e para o mundo. Sempre que nos deparamos com um conhecimento ou experiência de qualquer que seja a área, precisamos nos perguntar: “Em que isso pode me ajudar para me tornar uma pessoa melhor?” Se não achou uma resposta, até agora esse conhecimento ou experiência foi inútil.” Colorado Teus

Dessa forma começamos a entender o que é o desenvolvimento mediúnico: o desenvolvimento de capacidades em perceber e alterar o plano espiritual com o intuito de tornarmos a nós mesmos e o mundo a nossa volta melhores. Jamais deveríamos fazer trabalhos espirituais por curiosidade, interesses egoístas ou mero prazer, pois isso gera aberturas nos corpos espirituais da própria pessoa que ficará à mercê de entidades trevosas.

Aqui caímos em uma questão filosófica importante de ser respondida: “O que é tornar uma pessoa ou um local melhor?” Essa é uma questão complicada porque qualquer resposta tem por base a fé. É impossível saber todos os desdobramentos de um ato qualquer, e também precisamos colocar na balança do julgamento do que é ‘melhor ou pior’ a nossa bagagem de experiências pessoais.

As tradições se formam em torno de algo que costuma dar certo, em volta de pessoas que foram bem sucedidas e se tornam o exemplo da busca de outras pessoas. Assim, buscamos conselhos e dicas dessas pessoas para que possamos buscar por algo que nos interesse.

Na Umbanda os exemplos que as pessoas deveriam seguir são os dos 14 Orixás regentes dos Tronos. Esses Orixás representam como controlar os 7 principais tipos de Axé. Quando uma pessoa aprende a controlar dentro e fora de si mesma esses 7 Axés principais, dizemos que ela se tornou uma pessoa ‘equilibrada mediunicamente’ e está apta a realizar muitos tipos de trabalhos espirituais.

Quando uma pessoa faz um trabalho com um Axé que ainda não controlou dentro de si mesma, além do fracasso no ato ela poderá ter seu desequilíbrio piorado se não houver alguém que possa ajudá-la. Assim, é muito importante que todo médium umbandista visite todos os campos sagrados dos Orixás, para que saiba com quais Axés lida bem e com quais tem dificuldade, podendo, assim, desenvolver a capacidade de trabalhar com a energia daqueles com que lidava mal. No desenvolvimento mediúnico os médiuns são colocados diante de fortes fontes de diferentes Axés (como Orixás, elementais e entidades), para que entrem em contato com elas de forma moderada e se desenvolvam.

A capacidade de lidar com um tipo de energia reflete diretamente no comportamento do médium; o médium que lida mal com a energia de Ogum fica irritado e impaciente em sua presença, o médium que lida bem se sente estimulado e forte. Abaixo segue uma lista do básico da relação dos médiuns com os 14 Orixás:

· Oxalá:

+ Vê a beleza e a harmonia de tudo

- Vê apenas o lado ruim dos acontecimentos

· Oyá:

+ Concilia harmonicamente sua vida e sua fé

- Se torna um fanático, não vê vida além da religião ou grupo

· Oxum:

+ Fica super amoroso e atraente

- Quer ser o centro das atenções e não aceita críticas

· Oxumarê:

+ Se torna conciliador e diplomata

- Fica sem vontade própria, só faz o que agrada aos outros

· Oxóssi:

+ Fica com sede de conhecimento e desenvolvimento

- Esquece dos problemas dos outros por empolgação

· Obá:

+ Indivíduo muito prático, que resolve os problemas cotidianos

- Não se valoriza ou busca uma vida melhor

· Xangô

+ Ganha poder de decisão e julgamento

- É preconceituoso e não ajuda aos necessitados

· Egunitá

+ Toma atitude com rapidez e força

- Joga tudo para o alto no primeiro problema

· Ogum

+ Fica estimulado e forte

- Fica impaciente e irritado

· Iansã

+ Muda tudo que precisa ser mudado com facilidade, muita personalidade

- Fica agressivo e contesta tudo que vai contra sua vontade

· Obaluayê

+ Fica mais paciente e calmo

- Não sai do lugar e acha ruim com quem sai

· Nanã
+ Resgata com facilidade sua ancestralidade, seu inconsciente

- Vê tudo como perigoso e ameaçador

· Yemanjá

+ Cuida de tudo e de todos que precisam

- Não deixam os outros andarem com as próprias pernas

· Omolu

+ Grande facilidade para desacelerar o que está no rumo errado

- Se isola e não consegue ter relações com outras pessoas



Essa lista é um pequeno resumo, apenas das características que ficam mais evidentes; o médium que realmente busca sua evolução se aprofunda bastante nesse estudo dos Orixás para buscar seu equilíbrio para trabalhar na Umbanda.

4. Trabalhos mágico e espirituais



Nos terreiros, é normalmente o Dirigente (pai ou mãe de santo) quem diz se a pessoa já está ou não apta a realizar os trabalhos mágicos e espirituais; obviamente, o dirigente é auxiliado por outros médiuns mais experientes que ajudam na orientação dos primeiros passos de cada médium no terreiro.

Depois do início dos trabalhos espirituais, é essencial que o médium se inicie em algum tipo de magia (divina, hermética, benzimento etc.) e também aprenda a utilizar algum tipo de oráculo (astrologia, tarô, búzios, runas, quiromancia, piromancia etc.).

Com a magia o médium aprenderá a controlar os diferentes axés, tirando ou colocando em si e nos outros aquilo que julgar necessário. Com o oráculo ele pode prever se o ato mágico será bom ou ruim, podendo assim evitar problemas no uso da magia.

Há também os trabalhos feitos diretamente no plano espiritual, com projeções astrais ou no templo astral. A projeção astral exige um equilíbrio emocional bem desenvolvido, portanto, sugiro que comecem fazendo limpezas e proteções antes de dormir e anotem todos os sonhos que tiverem. Com o tempo a pessoa desenvolverá a capacidade de se lembrar do que acontece no plano astral e depois conseguirá modificar conscientemente o que acontece por lá. Algumas pessoas conseguem sair conscientemente do corpo e se projetar no plano espiritual, a grande maioria dos projetores acordam já no plano espiritual.

O templo astral é um acesso direto, mas ligeiramente diferente, pois ele se situa dentro do campo áurico da própria pessoa. Nesse templo as viagens são interiores, com o intuito de conhecer as profundezas de nós mesmos. Para a criação do Templo Astral, faça o ritual de relaxamento e:

- Imagine-se no local em que se sente mais tranquilo e seguro do mundo. Esse local pode ser algum lugar que você tenha visitado, algum filme, desenho, uma casa imaginária, o que quer que seja. Aqui não há regras, pode-se colocar qualquer coisa, de qualquer jeito, mas você precisa se sentir tranquilo e seguro. Crie também uma cama, uma jarra de água e um quadro para escrever. Sempre que for voltar do templo, deite-se na cama e beba um pouco de água. Sempre que quiser alguma energia para você, desenhe o símbolo no quadro que ela será instantaneamente ativada em seu campo áurico. Você pode levar seus objetos mágicos para o templo, mas precisa fazer uma viagem para cada objeto; isso é legal porque você não precisará mais do objeto físico para abrir seu portal.

- Visite esse templo sempre que puder; visite-o pelo menos uma vez no dia em que tiver gira, antes de começar o trabalho. Há grandes chances de encontrar no templo astral seus guias e mentores antes dos trabalhos, pois normalmente eles passam o dia encostados no médium.



Sobre o uso de enteógenos para facilitar os trabalhos astrais, a primeira observação que tenho para fazer é que há uma enorme diferença entre a egrégora do Ayahuasca e a do Daime. A egrégora do Ayahuasca é xamânica por excelência, trabalha de forma a conectar o ser humano com sua essência natural através dos elementos da natureza. A egrégora do Daime é cristã, mas não entra pela parte legal do cristianismo, dos ensinamentos de Cristo, e sim pelo lado de Paulo de Tarso, o grande charlatão que destruiu o cristianismo, que transformou um culto de amor, fraternidade e liderança em um culto de sofrimento, autossacrifício e culpa.

Para os índios o chá nunca foi uma brincadeira ou curiosidade, sempre foi uma questão de necessidade e sobrevivência, pois através dos rituais eles se conectavam com seus ancestrais para buscar pela cura de doenças, procedimentos técnicos de caça e produção de alimentos etc. Através do chá a pessoa pode também fazer um mergulho interior e perceber, com maior intensidade, processos que se dão dentro dela. Não há problemas em se conectar com essa egrégora e tomar o chá, desde que a pessoa siga os preceitos do culto xamânico que rege o trabalho e entre em sintonia de intenção com os dirigentes.

O chá potencializa as percepções, mas, por ser sagrado, precisa-se utilizá-lo sempre com o intuito de tornar-se alguém melhor para nosso mundo e para si mesmo, com o intuito de conectar-se com o que há de mais sagrado dentro e fora de si.

Jamais tome o chá por mera curiosidade de conhecer o plano espiritual, pois é um ambiente muito instável que se torna perigoso para aqueles que não resolveram suas questões internas. Apenas participe de um ritual de Ayahuasca se conhecer bem o grupo e o intuito deles e sentir que é também o que você quer; pertencer a uma egrégora significa assumir o Karma e o Dharma dela.

Nunca tome o chá mais do que 1 vez a cada 28 dias (ciclo lunar), pois pode ser desgastante demais para seu corpo espiritual (a não ser que você tenha sido preparado para mais do que isso).

Se você participou de um trabalho e não aprendeu NADA com relação a você mesmo, a como você pode se tornar uma pessoa melhor, foi tempo, dinheiro, energia e experiência perdidos. Se você aprendeu mais sobre si mesmo, se melhore e traga isso para sua vida.

O mesmo vale para os outros tipos de enteógenos, como o chá da Jurema. Fora de um ritual o enteógeno se torna alucinógeno; os alucinógenos são altamente prejudiciais para a maioria dos médiuns, pois os colocam em conexão espiritual em locais inapropriados, fazendo-os ter conexão com espíritos do mais baixo escalão.

Funcionando em menor grau, não exatamente como enteógenos mas como catalisadores da conexão espiritual, temos o tabaco, a cannabis e o álcool. Da mesma forma que os enteógenos, fora do ritual se tornam muito perigosos para a integridade espiritual do médium.

Uma vez que escolhemos o desenvolvimento espiritual, muitos hábitos precisam ser deixados de lado, e é justamente a mudança comportamental que caracteriza a evolução. Se uma pessoa não for capaz de deixar de lado seus vícios, ela jamais será capaz de agir com solidez e estabilidade no plano astral, onde os vícios e fraquezas são potencializados em 40 vezes. Entenda que não estou dizendo que a pessoa não possa mais fazer uso de tais elementos, mas ela deve ter o controle das rédeas da própria vida.



5. Conclusão



Podemos concluir que o desenvolvimento mediúnico é um processo laborioso e muitas vezes demorado, que requer bastante paciência e força de Vontade. Para chegarmos no equilíbrio mediúnico precisamos lutar contra cada pequena dificuldade e limitação que temos dentro de nós mesmos, buscando ser a cada dia uma pessoa melhor.

Com a devida orientação da egrégora, cada um terá o melhor direcionamento sobre como buscar essas melhorias para poder abrir sua mediunidade de forma saudável e positiva.



Vai dar certo!

Nenhum comentário:

Postar um comentário