5 de jul. de 2016

Sinhá Benta - Parte 4

Por: Soror Coruja


É caminhando longe que ninguém se perde.

Depois de enfrentar rochedos, em cima de carroças, caminhos turvos com bagagens arrastadas e barracas armadas avistamos grandes arvoredos.
Chegamos com coragem nas terras do amigo fiel, trabalhador e honrado, Tio Manoel, vaqueiro criado bastardo junto de minha mãe que seguiu rumo cruel.



Ele como nós, na mesma situação trilhou pela salvação, sem nenhum tostão foi desbravar novas terras, trabalhou durante um ano, juntou o suficiente.
O danado teve é sorte, construiu seu próprio aposento, recebeu sementes para a plantação e gado para o sustento.
Com a chegada de novos emigrantes, foram construídos moinhos de trigo, trabalharam com afinco, desbravaram a região.
__Eu então indagava a todo tempo se ali seria nossa terra, nosso alento!
Nem mesmo acalmamos e como previa, estavam todos a partir, deixariam o sul na manhã seguinte, pra rumar pra um certo grande rio e nova vida construir.
Agora entendo, Tio Manoel, trabalhou com decisão, trocou suas terras num pedaço de chão aonde trabalhavam seu verdadeiro pai e seu irmão. Preparou tudo, colheu trigo e separou sementes pra transportar, vender ou trocar no que fosse conveniente.
O sono foi chegando, o cigarro no meu dedo queimando e meus dois olhos pregados na derradeira lua branca se fechando.
__Manhã seguinte havia de chegar e um caminho tão longe custava a assossegar.
Despertamos montados no vento, todos os morros, todas as várzeas ficaram para trás, avistava luz, sombra, luz, vermelha, da roupa, da aurora...do alimento.

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