11 de set. de 2015

Geometria Sagrada na Astrologia

Por: Colorado Teus

Satisfação,

um dia, durante uma gira de Pretos Velhos na Umbanda, meu mestre de magia ajudou-me a entender um pouco mais sobre Astrologia e Umbanda ao mesmo tempo. "Como ao mesmo tempo se são duas coisas completamente diferentes?". Pois é, descobri que não são completamente diferentes, o que muda é basicamente a linguagem, porém, ambas são usadas para descrever as mesmas coisas.


Se fôssemos pensar assim, qualquer linguagem poderia ser usada para descrever qualquer coisa. Intuitivamente, parece que isso não funcionaria, pensando por exemplo "Como eu posso usar a linguagem da matemática para descrever comportamentos psicológicos?". Aparentemente a Matemática e a Psicologia são áreas que não teriam nada a ver uma com a outra, mas alguns cabalistas mostraram que têm, formando um sistema de cabala puramente numérico que foi batizado de 'Cabala Pitagórica'.

Obviamente, com um exemplo não posso generalizar e dizer que "todos os sistemas podem ser usados para descrever qualquer coisa", mas fica claro que linguagens que parecem estar muito distantes umas das outras podem não estar tão distantes assim. É como o grande professor Marcelo Del Debbio diz, a unidade de medida pode ser totalmente diferente, mas descreve-se o mesmo fenômeno. 

Qual devo usar então? Aconselho que use o tipo de régua que você possui gravada no seu subconsciente, se você possui um transferidor que mede em radianos, use radianos, se você enxerga melhor em graus, use graus. 

Posso misturar as linguagens? Cuidado, sempre que se mistura diferentes tipos de unidades, é importante ficar atento às transformações, pois a matemática clássica se quebra. "1+1" deixa de resultar "2" se o "1" não for uma variável substitucional e sim objectual, como "1 milha + 1 Km" não resultam 2 milhas nem 2 Km, e sim "1,62 milhas" ou "2,61"Km. É necessário muito cuidado ao misturar duas linguagens, saber as fórmulas de mudança evita muitas lambanças.

Sim, as linguagens da Umbanda e da Astrologia descrevem os mesmos tipos de fenômenos, ditos psicológico/espirituais. Apesar de tudo, são linguagens diferentes, quando digo "água" na Umbanda estou me referindo ao mesmo arquétipo de quando digo "água" na Astrologia, porém, de um ponto de vista bastante diferente.

Exemplo de Ponto Riscado de Umbanda

Dentre toda essa filosofia (mais doida que qualquer viagem que já tive com enteógenos e alucinógenos), o Vô resumiu toda a questão do Mapa Astral e do Ponto Riscado numa só metáfora:

"Imagine que o ponto ou o mapa são representados por um prato de comida. Criar um ponto ou um mapa astral seria como criar um prato de comida. Primeiro se escolhe qual vai ser o principal do prato, seu objetivo fundamental, o arroz com feijão. Depois incrementa-se os alimentos secundários, as misturas do prato que o tornará um prato específico. Depois o tempero, que é o que o adequará ao seu ser único. Note, cada pequeno detalhe de posição, se uma comida toca ou se mistura com a outra, se o sabor de uma complementa ou não combina, se a nutrição será maior ou não adicionando algo, tudo isso alterará o resultado. E isso é que são os aspectos e entrecruzamentos que você tanto quer entender. A pessoa só irá entender seu mapa astral depois de 'comer todo o prato', mas para isso ela possui toda uma vida para experimentar, se ela tentar comer tudo de uma vez não irá digerir corretamente tudo que ela precisa aprender."

Exemplo de Mapa Astral

Se isso era uma entidade falando na minha cabeça ou um raciocínio que sintetizei naquele momento de EAC não posso afirmar com total certeza, a única coisa que posso afirmar é que o método da Umbanda gera excelentes resultados, e tenho percebido que atribui-los a outro ser me ajuda bastante a combater o orgulho.

A questão dessa metáfora é justamente entender como as energias se misturam, comer feijão puro nunca será a mesma coisa que comer feijão com macarrão, ou com arroz, ou com farofa, ou com vinagrete etc.

Imaginem que as casas representam a ordem com que a pessoa vai se alimentar, os planetas são os alimentos, os signos são a forma com que cada elemento foi preparado (tempero, modo de cozer etc.), a geometria sagrada (posição e angulação) ou os aspectos são a forma como todos os alimentos foram colocados no prato, se encostam ou se misturam com os outros. As cúspides de cada casa falam que não comemos um alimento de cada vez, mas podemos ir misturando de pouquinho em pouquinho para irmos experimentando.

Capricórnio não combina com Câncer da mesma forma que azedo não combina com doce... não, pera! Não combinam? Nas mãos de um grande chefe, qualquer combinação é possível e, muitas vezes, as que pareciam impossíveis para os leigos, se tornam os melhores pratos do gênio, que inova com um agridoce fantástico e se torna conhecidíssimo.

O papel do astrólogo nunca será experimentar o mapa do outro, o astrólogo é o cara que entende de culinária e dá umas dicas sobre que tipo de problema a pessoa pode ter ao combinar certos alimentos e de como alguém que ele já estudou obteve algum sucesso combinando algumas coisas que viu no mapa do outro.

Astrólogo não dogmatiza, não diz que tal tipo de alimento é ruim só porque ele não sente afinidade com ele, isso seria como uma criança dizendo que ninguém pode gostar de tal sobremesa já que ela não gostou.

Na Umbanda o sistema é o mesmo, o que muda é a forma como se descreve cada energia no ponto riscado. Enquanto na Astrologia se usam 11 planetas, na Umbanda se usam 7 tronos. Enquanto na Astrologia tem-se 12 signos para dizer como cada planeta foi 'preparado', na Umbanda se entrecruzam os 7 tronos com os próprios 7 tronos (mas aqui na forma dos 7 elementos). Enquanto na Astrologia tem-se os 360º graus do ouroboros, na Umbanda usa-se o polo grau. Mas e a Geometria divina? Acredite se quiser, nessa parte até a linguagem coincide! Cada grau corresponde exatamente a mesma coisa, se temos elementos formando um quadrado no ponto, é exatamente a mesma coisa que a quadratura na Astrologia. Se temos elementos formando 180º, é a mesma coisa que a oposição et cetera.

Essa parte do estudo foi a que mais me surpreendeu e me ajudou a compreender melhor a relação entre essas duas ciências espirituais, que são as mesmas, quando tomamos os devidos cuidados. Depois de compreender melhor essa questão, o Vô voltou a falar comigo e disse:

"Se quer entender o que é um ser desencarnado (sem mapa) ou um Ponto sem círculo, pense numa pessoa que não precisa de prato para comer, se regozija de forma caótica comendo com as mãos."

Vou deixar essa interpretação como um mistério, quem entender algo disso que o nego falou, guarde para si como um presente. Aliás, sei que muitas pessoas podem estar achando estranho um preto velho que fala sobre esses assuntos e dessa forma sofisticada, o que ele me disse é que já foi químico e cozinheiro em outra vida, se é que nos entendem.

Para concluir, o mapa astral representa o prato de energia dos astros que seu espírito comeu para conseguir entrar na carne, sendo a maior fonte energética espiritual que você poderá ter em sua vida; o ponto riscado é um prato de energia dos astros que o espírito traz consigo para comer enquanto está incorporado para, então, ter energia para realizar seus trabalhos. Só para completar, os outros elementos que a entidade usa são a bebida e a sobremesa da refeição. Às vezes vai um tabaquinho para fazer a digestão.

Vai dar certo!

3 comentários:

  1. Belíssimo texto! Com metáforas e analogias muito esclarecedoras!
    Gratidão!!!
    Forte abraço!

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  2. Muito bom o texto. Esclareceu sobre muitos pratos de comidas que as vezes queremos comer sem ser para nós. Ai a gente passa mal e descobre que tem um prato de comida que é só nosso. Feito especialmente para nós.

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  3. Excelente! Em seus vários textos, seu conhecimento de hermetismo aplicado à umbanda me faz entender o sistema de forma mais profunda. Gratidão pelo trabalho.

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