7 de jul. de 2016

A Fé e o Fanatismo na Umbanda

Por: Colorado Teus

Na Umbanda Sagrada temos como Trono Central, Tipharet, o Trono da Fé. Esse trono é regido por Oxalá (positivo, universal, emanador) e Oyá/Logunam (negativo, cósmico, absorvedor). Oxalá emana a energia da Fé constantemente para alimentar o planeta, Oyá absorve a energia de lugares e pessoas que se desequilibraram nessa força.E o que seria o excesso de Fé?


O nome que damos a isso é "fanatismo", é a pessoa que acredita em tudo, é a crença que vai além do saudável. O extremo dessa energia é encontrado em grupos como os Hassassins e os Kamikazes, pessoas que são capazes de cometer o suicídio para matar pessoas em nome de sua fé.

Os Hassassins foram guerreiros árabes que lutaram contras os cavaleiros templários, no período das cruzadas; para eles era natural que fizessem qualquer coisa que o comandante pedisse, e era comum que muitos deles se infiltrassem nos campos de concentração do outro exército, em uma missão suicida, para tentar matar algum chefe ou comandante dos 'inimigos'; algum tempo depois, na mesma região, esse grupo serviu de inspiração para alguns grupos muçulmanos que criam 'homens-bomba'. Os kamikazes foram guerreiros japoneses que lutaram a segunda guerra mundial, eles tinham a orientação de se jogarem, com um avião cheio de bombas, em um alvo, caso eles não conseguissem acertá-lo atirando.

De forma um pouco mais leve, mas tão ruim quanto os Hassassins, temos o exemplo do cristianismo, que teve seu ápice do fanatismo na Inquisição. Por muitos anos os cristãos perseguiram, escravizaram e mataram milhões de pessoas; o que era considerado motivo para uma pessoa ser torturada por eles na idade média? Se você tivesse nariz torto, fosse ruiva, tivesse livros de magia e outras religiões, trabalhasse com ervas e remédios, morasse sozinho, contestasse qualquer coisa que a igreja falasse, apoiasse a ciência, participasse de cultos e ritos não cristãos, fosse pagão (não batizado), maçon, judeu etc. ou qualquer coisa que eles não gostassem, isso seria suficiente para garantir sua sessão de tortura. Hoje em dia vemos muitas atitudes que são resquícios desse período, principalmente nas igrejas neo-pentecostais e na ala conservadora do catolicismo.

A verdade é que em qualquer lugar em que haja "Fé", "Ideal", "Modelo perfeito", o fanatismo pode aparecer. Ou seja, a Umbanda não está isenta desse grande mal. Na verdade, todos que participam de qualquer sistema de crenças estão sujeitos a se tornarem fanáticos. Mentalmente, o fanatismo aparece quando pensamos: "Isso não pode estar certo, essa pessoa não pode estar certa, não foi assim que aprendi com os guias ou com o livro/curso"; "Esses aí não são evoluídos, eles não fazem como nós" ou "Meu grupo tem tudo que eu preciso, já sei de tudo, não preciso de mais nada ou de mais ninguém".

Mas notar isso não é fácil, pois é necessário humildade para pensar: "Posso estar errado, posso ter feito coisas de forma errada, não sou perfeito".

Então como saber se estou no processo de me tornar um fanático? Verifique se você vive em função da sua religião (tudo que você faz é por ela ou por meio dela); verifique se você não deixa tempo para se encontrar com pessoas de que você gosta (que podem ser amigos, família, colegas etc.); verifique se você afastou ou brigou com todas as pessoas que discordavam de seu caminho (o fanático não sabe ouvir quem discorda de sua crença); verifique se você fica o tempo todo implicando com o modo como os outros procedem; verifique se você sempre pensa que o outro vai "se dar mal" por não fazer as coisas da mesma forma que sua ideologia manda; verifique se você sempre está se sacrificando pelo seu grupo sem nunca pensar nas consequências; verifique se você acredita que seus guias são a solução para todos os problemas do mundo.

Se você constatou algum dos itens citados, não significa que você é um fanático, e sim que você precisa tomar cuidado para não se tornar um. O fanatismo se torna um problema, de fato, quando a pessoa deixa de cuidar da sua vida e vai cuidar da dos outros. Todos temos o livre arbítrio, se a pessoa quiser ser fanática, que seja, mas respeite a escolha alheia.

Para esclarecer, não estou dizendo que ninguém deva ser fanático, mas estou respeitando o direito de escolha de todos. Porém, nem tudo que você tem direito lhe convém, pois o fanático sempre acaba sendo manipulado por alguém que tenha forte magnetismo, sempre acaba entrando em muitos conflitos desnecessários (normalmente com as pessoas que mais o amam).

Mas como seria, então, um uso saudável da Fé? A Fé é um alicerce para sua vida pessoal, sua, somente sua, de mais ninguém (se você quer que alguém acredite no que você acredita, seja o exemplo de que essa crença te trouxe coisas positivas, não saia pregando aquilo que você ainda não testou). A fé ajuda as pessoas a se conectarem com as fontes positivas do universo, ajuda a superarem os medos e as travas, a não se abalarem quando tudo em volta parece ruir, a se nortearem e seguirem/construírem um caminho nesse mundo caótico e cheio de possibilidades. Seus pilares são a "crença" em que no final as pessoas que agem positivamente são mais felizes, a "confiança" em que todos têm virtudes (mesmo que em potencial) e são importantes para o universo e a "certeza" de que o mundo pode ser melhor do que está.

A fé é fortalecida quando agimos de acordo com o que falamos, e falamos de acordo com o que pensamos. Não existe nada mais belo que uma pessoa magnânima, que se torna um exemplo a ser seguido pela população.

Vai dar certo!

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