Por: Hipátia
Olá a todos,
No
post anterior, discutimos um pouco sobre as principais características da
religião Umbanda e hoje, para darmos sequência à série de posts sobre Umbanda, quero
iniciar com uma frase do Rubens Saraceni para introduzir o tema
desta semana:
“A
Umbanda tem na sua base de formação os cultos afros, os cultos nativos, a
doutrina espírita kardecista, a religião católica e um pouco da religião
oriental (budismo e hinduísmo) e também da magia.” (Rubens Saraceni, 2011).
Portanto,
neste post iremos discutir um pouco sobre as religiões e ritos que contribuíram com instrumentos e/ou conhecimentos a Umbanda.
Cultos
africanos
Os
cultos de nação africana tinham como base a crença na imortalidade da alma e no
poder que os seres desencarnados tinham sobre os encarnados. Assim sendo, seus
sacerdotes praticavam rituais e magias para equilibrar as influências do mundo astral sobre o mundo terreno e para equilibrar as pessoas. Sua cultura
era transmitida oralmente de pai para filho, na forma de lendas, que preservavam
conhecimentos muitos antigos, como a criação do mundo e dos homens.
Seu
panteão Divino, os orixás, era pontificado por um Ser Supremo e povoado por
divindades, que eram consideradas como executores e manifestadores Dele junto
aos seres humanos, assim como são Seus auxiliares Divinos que O ajudaram na
concretização do mundo material. Porém, os orixás eram cultuados de forma
fechada e só os iniciados podiam cultuá-los e reverenciá-los.
Com
a vinda dos escravos africanos aos Brasil, esta tradição, em parte, os acompanhou.
Entretanto, ao contrário do que muitos possam pensar, a religião vinda com os
escravos era (e ainda é) muito rica e bem diversificada, pois a África era toda
dividida em nações que possuíam seu culto exclusivo voltado para uma ou mais
divindades diferenciadas. Então, com o objetivo de manter estes escravos sob
controle, os senhores de engenho costumavam misturar na mesma senzala negros de
várias nações, em sua maioria inimigas, tornando-os vulneráveis. Porém, para
atenuar suas condições precárias de vida, foi-lhes concedida à licença para que
pudessem fazer seus toque ou batuques. Logo os batuques se transformaram em
culto religioso aos orixás (que predominaram na Bahia) e Voduns (no
Maranhão). Entretanto, estes cultos não podiam ser como na
África, onde cada povo cultuava um panteão, já que indivíduos de diferentes
nações se encontravam no mesmo espaço; então se tocava para todos eles.
Nas
senzalas, parte do conhecimento secreto provindo da África se perdeu, porém,
parte foi misturado com o conhecimento de outros povos por intermédio do
sincretismo. Deste sincretismo, a Umbanda herdou o vasto panteão Divino dos
cultos de nação afro e, por vontade dos seus mentores, também incorporou os
nomes iorubás dos orixás.
Religiões
indígenas
Ao
chegar ao Brasil, os conhecimentos e os cultos das nações africanos foram
expostos aos cultos e conhecimentos dos nativos indígenas. Eles já conheciam o
fenômeno da mediunidade de incorporação, já acreditavam na imortalidade da
alma, na existência do mundo astral, na capacidade dos desencarnados
interferirem no mundo físico e na existência de divindades associadas a
aspectos da natureza e da criação Divina. Portanto, entre as influências
provindas das tribos indígenas podemos citar o culto à natureza, o conhecimento
das ervas e o arquétipo dos caboclos.
Catolicismo
Ainda
durante o período das senzalas, os escravos não podiam viver sua religião de
forma plena. Então, se utilizando da sincronicidade existente entre as
religiões, eles começaram a louvar seus Orixás se utilizando dos personagens
e imagens da religião Católica (que era/é a religião oficial do Brasil e,
portanto, de seus "donos") para evitar preconceitos. Assim, estas pessoas se colocavam diante da imagem de Jesus com o intuito de louvar e pedir forças ao
pai Oxalá. Esse período trouxe como frutos a utilização por algumas casas e por alguns filhos das imagens dos Santos Católicos em sincronia com
os Orixás.
Espiritismo
Assim
como a Umbanda, o Espiritismo também está fundado no fenômeno da Mediunidade e
pelo fato deste seguimento ter feito muitos estudos sobre este fenômeno, mais
conhecidamente com os trabalhos de Allan Kardec, muitos umbandistas recorreram
(e ainda recorrem) a sua literatura para adquirir conhecimentos,
principalmente em períodos em que o acesso à teoria aos fundamentos
da religião Umbanda era pequeno. Por causa destas semelhanças, algumas correntes
de Umbanda se denominam “Umbanda Branca” ou “Umbanda Kardecista”, pois
apresentam uma grande influência da vertente Espírita em seus trabalhos.
Magia
Magia,
de uma maneira simples, é a capacidade de utilizar um objeto (como símbolos,
uma planta, uma pedra) para se alterar um padrão energético. Assim sendo, os
guias de Umbanda (e também seus praticantes que possuem conhecimento para tal)
se utilizam da magia por intermédio da manipulação de elementos da natureza
(por exemplo, fumo, velas, pontos riscados, pedras, cristais, banhos,
defumações, guias) visando combater desequilíbrios que atingem os seres
encarnados. Portanto, um dos princípios da religião de Umbanda é retomar o
conhecimento e uso dos recursos naturais em seus trabalhos.
Ótima semana a todos,
Saravá!
Referência:
SARACENI,
R. Doutrina e Teologia de Umbanda Sagrada: A religião dos mistérios um
hino de amor à vida. São Paulo: Madras, 2011.
Dicas de Leituras:
- Umbanda: Magia Brasileira - As Umbandas dentro da Umbanda (Parte I)
http://conversaentreadeptus.com/site/umbanda-magia-brasileira-as-umbandas-dentro-da-umbanda-parte-i/
- Umbanda: Magia Brasileira - Magia na História da Umbanda
Dicas de Podcast:
- Conversa entre Adeptus: Episódio 12 - Introdução a Teologia de Umbanda
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