28 de out. de 2013

Os Formadores da Umbanda


Por: Hipátia


Olá a todos,


No post anterior, discutimos um pouco sobre as principais características da religião Umbanda e hoje, para darmos sequência à série de posts sobre Umbanda, quero iniciar com uma frase do Rubens Saraceni para introduzir o tema desta semana:


“A Umbanda tem na sua base de formação os cultos afros, os cultos nativos, a doutrina espírita kardecista, a religião católica e um pouco da religião oriental (budismo e hinduísmo) e também da magia.” (Rubens Saraceni, 2011). 
Portanto, neste post iremos discutir um pouco sobre as religiões e ritos que contribuíram com instrumentos e/ou conhecimentos a Umbanda. 


Cultos africanos 
Os cultos de nação africana tinham como base a crença na imortalidade da alma e no poder que os seres desencarnados tinham sobre os encarnados. Assim sendo, seus sacerdotes praticavam rituais e magias para equilibrar as influências do mundo astral sobre o mundo terreno e para equilibrar as pessoas. Sua cultura era transmitida oralmente de pai para filho, na forma de lendas, que preservavam conhecimentos muitos antigos, como a criação do mundo e dos homens. 

Seu panteão Divino, os orixás, era pontificado por um Ser Supremo e povoado por divindades, que eram consideradas como executores e manifestadores Dele junto aos seres humanos, assim como são Seus auxiliares Divinos que O ajudaram na concretização do mundo material. Porém, os orixás eram cultuados de forma fechada e só os iniciados podiam cultuá-los e reverenciá-los.

Com a vinda dos escravos africanos aos Brasil, esta tradição, em parte, os acompanhou. Entretanto, ao contrário do que muitos possam pensar, a religião vinda com os escravos era (e ainda é) muito rica e bem diversificada, pois a África era toda dividida em nações que possuíam seu culto exclusivo voltado para uma ou mais divindades diferenciadas. Então, com o objetivo de manter estes escravos sob controle, os senhores de engenho costumavam misturar na mesma senzala negros de várias nações, em sua maioria inimigas, tornando-os vulneráveis. Porém, para atenuar suas condições precárias de vida, foi-lhes concedida à licença para que pudessem fazer seus toque ou batuques. Logo os batuques se transformaram em culto religioso aos orixás (que predominaram na Bahia) e Voduns (no Maranhão). Entretanto, estes cultos não podiam ser como na África, onde cada povo cultuava um panteão, já que indivíduos de diferentes nações se encontravam no mesmo espaço; então se tocava para todos eles.

Nas senzalas, parte do conhecimento secreto provindo da África se perdeu, porém, parte foi misturado com o conhecimento de outros povos por intermédio do sincretismo. Deste sincretismo, a Umbanda herdou o vasto panteão Divino dos cultos de nação afro e, por vontade dos seus mentores, também incorporou os nomes iorubás dos orixás. 


Religiões indígenas
Ao chegar ao Brasil, os conhecimentos e os cultos das nações africanos foram expostos aos cultos e conhecimentos dos nativos indígenas. Eles já conheciam o fenômeno da mediunidade de incorporação, já acreditavam na imortalidade da alma, na existência do mundo astral, na capacidade dos desencarnados interferirem no mundo físico e na existência de divindades associadas a aspectos da natureza e da criação Divina. Portanto, entre as influências provindas das tribos indígenas podemos citar o culto à natureza, o conhecimento das ervas e o arquétipo dos caboclos. 


Catolicismo
Ainda durante o período das senzalas, os escravos não podiam viver sua religião de forma plena. Então, se utilizando da sincronicidade existente entre as religiões, eles começaram a louvar seus Orixás se utilizando dos personagens e imagens da religião Católica (que era/é a religião oficial do Brasil e, portanto, de seus "donos") para evitar preconceitos. Assim, estas pessoas se colocavam diante da imagem de Jesus com o intuito de louvar e pedir forças ao pai Oxalá. Esse período trouxe como frutos a utilização por algumas casas e por alguns filhos das imagens dos Santos Católicos em sincronia com os Orixás.




Espiritismo
Assim como a Umbanda, o Espiritismo também está fundado no fenômeno da Mediunidade e pelo fato deste seguimento ter feito muitos estudos sobre este fenômeno, mais conhecidamente com os trabalhos de Allan Kardec, muitos umbandistas recorreram (e ainda recorrem) a sua literatura para adquirir conhecimentos, principalmente em períodos em que o acesso à teoria aos fundamentos da religião Umbanda era pequeno. Por causa destas semelhanças, algumas correntes de Umbanda se denominam “Umbanda Branca” ou “Umbanda Kardecista”, pois apresentam uma grande influência da vertente Espírita em seus trabalhos.


Magia
Magia, de uma maneira simples, é a capacidade de utilizar um objeto (como símbolos, uma planta, uma pedra) para se alterar um padrão energético. Assim sendo, os guias de Umbanda (e também seus praticantes que possuem conhecimento para tal) se utilizam da magia por intermédio da manipulação de elementos da natureza (por exemplo, fumo, velas, pontos riscados, pedras, cristais, banhos, defumações, guias) visando combater desequilíbrios que atingem os seres encarnados. Portanto, um dos princípios da religião de Umbanda é retomar o conhecimento e uso dos recursos naturais em seus trabalhos.



Ótima semana a todos,
Saravá!



Referência:
SARACENI, R. Doutrina e Teologia de Umbanda Sagrada: A religião dos mistérios um hino de amor à vida. São Paulo: Madras, 2011. 
Dicas de Leituras:
- Umbanda: Magia Brasileira - As Umbandas dentro da Umbanda (Parte I)
- Umbanda: Magia Brasileira - Magia na História da Umbanda
Dicas de Podcast: 
- Conversa entre Adeptus: Episódio 12 - Introdução a Teologia de Umbanda



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