18 de set. de 2015

Evoluções dentro da Evolução

Por: Colorado Teus

Satisfação,

como foi dito no texto 'Evolução', todos passam por alguns ajustes (que muitos chamam de 'karma', 'problemas' ou 'males') na caminhada evolutiva. Já discutimos que esses ajustes nada mais são do que experiências que as pessoas passam para poderem aprender mais sobre si mesmas e sobre o lugar em que vivem.



Em uma tirinha popularizou-se o seguinte entendimento exotérico¹: "O que é necessário para evoluir? Fazer boas escolhas. E como aprendemos a fazer boas escolhas? Ganhando experiência. E como conseguimos experiência? Fazendo más escolhas." Eu diria que apenas fazer más escolhas não levará a pessoa à sabedoria, mas sim fazer más escolhas E APRENDER COM ELAS.

Mas não aprendemos sempre com a dor? Infelizmente não, na verdade, as pessoas quase nunca param para pensar na origem da dor pela qual passaram/estão passando, gastam a maior parte de seu tempo tentando arrumar um bode expiatório para aliviar o próprio orgulho de sua culpa. Obviamente que no fundo a pessoa sabe que a culpa é dela e essa memória fica guardada em um calabouço de sombras chamado de 'Abismo' pela Kabbalah, 'Recalque' pela Psicologia das Academias ou 'Abismo interior' pela Umbanda Sagrada. Quantas vezes já vi, dentro dos terreiros de Umbanda, uma entidade dizer que 'a pessoa está passando por tal problema porque precisa passar'; e a entidade fala isso justamente porque está gravado em sua tela mental que essa situação é um dos ajustes que a própria pessoa escolheu para si antes de encarnar e ter toda sua memória de vidas anteriores guardada no abismo subconsciente.

Para evoluir é necessário estar consciente no momento da experiência, mas é muito difícil ser consciente dos atos enquanto se está 'bêbado' de emoções ou quando nosso próprio Ego ignora o que está se passando. Nosso cérebro só grava na memória consciente aquilo que o Ego considera importante (é um mecanismo que não deixa nossa memória explodir, já que nossa percepção capta coisas demais e algum mecanismo precisa fazer uma seleção do que vai para a consciência - imaginem termos que nos preocupar com cada grãozinho de sujeira que está no chão; apesar de não termos consciência de que ele está ali, nosso subconsciente captou a informação) e, como nossa memória é parte fundamental da nossa identidade, é importantíssimo que aprendamos a dar ordens ao nosso Ego sobre o que deve-se tornar memória consciente... e isso, meus amigos, isso é Magia.

Os magos descobriram que através da sistematização de uma linguagem e meditações é possível conversar com o próprio subconsciente e (re)programar o que queremos que a memória torne consciente. Não há segredo ou misticismo nisso, é basicamente uma questão de dominar nossa memória seletiva e conversar com o subconsciente.



Vivemos num mundo em que a maioria das pessoas é masoquista, preferem passar mil vezes pela mesma dor para evoluírem a tomar uma atitude de Força de Vontade e encarar de vez sua própria ignorância/defeitos. O masoquismo sempre vem acompanhado de ideias derrotistas do tipo "preciso de muitas vidas ainda para conseguir fazer isso", "não é justo que sempre isso aconteça comigo", "sou uma pessoa muito azarada", "o problema é tal pessoa que nunca faz tal coisa direito", "o mundo é muito difícil", “nunca vai dar certo”, “isso é coisa de louco” etc. A verdade é que o tolo, mesmo após inúmeros naufrágios, sempre irá culpar o mar. Tentar consertar um problema recorrente sem mudar de atitude é o comportamento característico de pessoas frustradas.

Uma vez que escolhemos o caminho da Evolução, é inevitável passar por inúmeras mudanças de hábitos, pois é justamente isso que permitirá que a pessoa evolua. Como dizem as fórmulas da magia antiga: o velho ‘eu’ precisa morrer para o renascimento do filho de Deus, o Dionísio.




Agora, em relação às pessoas que não conseguem evoluir porque se perdem nas emoções, caímos em uma situação um pouco mais difícil de lidar, pois a única coisa capaz de ajudar a pessoa nessa questão é sua própria força de Vontade. Chama-se Temperança a virtude de quem aprende a se controlar em momentos de prazer, ou seja, sabe se moderar. Crowley dizia que “O bêbado bebe e fica bêbado, o covarde não bebe e se frustra, já o sábio, corajoso e livre, bebe e dá glórias ao mais alto Deus”.

No livro O Poder da Kabbalah, de Yehuda Berg, diz-se que cada pessoa possui uma resistência interna que é capaz de transformar em luz (sabedoria) as emoções, sejam elas "boas ou ruins". A fórmula que ele propõe para desenvolvimento dessa resistência é conseguir pensar racionalmente antes de reagir a uma emoção. Como ele diz, “Antes de reagir, trave todo seu sistema de reação, pense que o verdadeiro adversário é sua reação e não o causador dela e, então, tome uma atitude racional”. E isso ninguém nunca poderá fazer por você, é você com você mesmo e ponto final.

“Amor é a Lei, Amor sob Vontade!”

Na Umbanda Sagrada, Trono da Evolução é o nome dado ao que os Kabbalistas chamam de Hod (esplendor, a luz que se acende) e o que os psicólogos chamam de senso crítico. Através da teoria dos entrecruzamentos, sabemos que a energia desse trono atua em todos os outros, formando o que eu chamo de ‘evoluções dentro da evolução’.




As entidades de Umbanda que trabalham diretamente nesse Trono são os pretos-velhos (arquétipo que se refere às pessoas que possuem controle emocional, o oposto das crianças que se entregam aos prazeres) e as diferentes linhas de pretos-velhos se referem aos que trabalham a evolução dentro das diversas áreas. Por exemplo, os pretos-velhos de Oxóssi trabalham a evolução do conhecimento; os pretos-velhos de Xangô trabalham a evolução da Justiça e por aí vai. Claro que os entrecruzamentos não param por aí, existem, por exemplo, os pretos-velhos que trabalham a evolução do conhecimento da justiça (preto-velho de Oxóssi e Xangô) e os que trabalham a evolução do conhecimento da justiça através da renovação (preto-velho de Oxóssi, Xangô e Oxumarê).

Cada ser, encarnado ou não, possui uma energia específica que foi programada para realizar uma função no universo e todos os reajustes que ele sofre nada mais são do que forças que o empurram na direção dessa função. Descobrir qual é a sua função é a metade do caminho evolutivo (a outra metade será realizar a função). Na Umbanda essa função é chamada de ‘Degrau evolutivo’, muitos magos chamam de “Verdadeira Vontade” dentre vários outros nomes. Ao assumir essa função, a pessoa entra no estado de Prosperidade, em que ela se harmoniza com o Universo, se torna uma peça importante para o funcionamento Dele e Ele provê tudo que ela realmente precisa para continuar realizando sua função (esqueçam todas as técnicas, simpatias e magias de “prosperidade”, são coisas que não vão além de poucos ganhos físicos e nada de desenvolvimento próprio).

Existem aqueles que vieram para serem professores, os que vieram para serem professores de línguas, os que vieram para serem professores de línguas para crianças carentes, os que vieram para serem professores de línguas para crianças carentes que atuarão em tal área da sociedade etc. Para cada pessoa existe uma função no universo que só será bem realizada se for ocupada por ela, pois carece de um entrecruzamento energético único. O básico sobre como conseguir esse degrau é autoconhecimento (para saber quais ferramentas a pessoa trouxe), força de vontade (para evoluir ao ponto de poder assumir essa função) e desapego (conseguir deixar para trás tudo aquilo que te atrapalha a realizar essa função).



E isso, para concluir, é o que acredito que seja o máximo de evolução que uma pessoa pode conseguir aqui na Terra, mas lembrem-se, a evolução não é o objetivo final, é apenas um meio para ajudar na nossa comunhão com o Todo, e essa comunhão que é a grande experiência de estarmos vivos, enxergando a vida com as cores da harmonia entre o amor e a lógica.

“The tune will come to you at last, when One is All and All are One”.

Vai dar certo!
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¹- Exotérico refere-se à parte superficial do conhecimento oculto. Esotérico se refere à parte profunda do conhecimento oculto, um conhecimento impossível de se transmitir, pois é pessoal. Ou seja, sempre que alguém utilizar 's' no lugar de 'x' para se referir a um conhecimento transmissível, desconfie.

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