30 de out. de 2015

Espiritualidade e dinheiro

Por: Colorado Teus

Satisfação,

continuando o texto "Dinheiro na Arte e na Magia", volto a escrever sobre o dinheiro, porém agora com relação à espiritualidade. A principal diferença entre magia e espiritualidade é que quem desenvolve na Magia se torna um ser ativo no universo, e quem se desenvolve na espiritualidade se torna um ser passivo, que se integra ao universo. Nenhum desses caminhos é mais correto do que o outro, cada pessoa nasce com um propósito que pode se alinhar mais a um ou ao outro.

A grande questão é que a espiritualidade tem por base o 'sentir', assim, a maior parte das pessoas puramente intuitivas, com pouco senso crítico, acabam se associando a esse tipo de movimento. Obviamente que não são todos assim, existem muitas pessoas equilibradas entre "razão x emoção" que optam por esse caminho por preferirem uma vida mais leve e menos conflituosa.


Do primeiro grupo citado, as pessoas sem senso crítico, vemos as mais diversas viagens, alucinações e loucuras possíveis em suas obras: pessoas soltando raios laser com os olhos espiralados, mestres ultra-ascencionados de olhos, cabelos, pele e roupas brancas (raça pura aryana), "xamãs" drogados que nunca moraram na mata, erros gramaticas absurdos, pessoas que pregam que simplesmente por parar de comer tal coisa já estão iluminadas, mundo pink/roxo/azul (por isso costumamos chamar esses grupos de pink esoteristas), crianças birrentas que eles chamam de índigos ou cristais, água alcalinizada com pH menor que 7 (que é a nova versão da antiga indulgência "água milagrosa do Jordão"), cds virgens que prometem ressonâncias ultraquânticas aceleradoras de evolução (mais fortes que o CERN), pessoas que sabem tudo de física quântica e não entendem sequer física newtoniana e matemática básica, pessoas que conversam diariamente com Krishna, Michael, Buda, Jesus e Saint Germain (mas não conseguem ficar em paz com a família), pessoas que fazem uma mobilização social pela internet para criticar a poda de uma árvore (e nunca pegaram numa pazinha para plantar sequer uma cebolinha), alienígenas que não sabem fazer viagem astral e vêm de veículo material, médiuns desequilibrados que dão um show artístico (principalmente quando querem mandar um recado para alguém, chegam perto dessa pessoa no 'transe' e começam a 'sofrer' ataques psíquicos como se fossem ataques do próprio Chthulhu) e que têm visões do Grande Mago Negro que está usando a pessoa para os Iluminatti etc. É um show de horrores que espanta qualquer pessoa que tenha um mínimo de senso crítico do caminho espiritual. Às vezes me parece que essas pessoas são usadas como recurso por aqueles que não querem que o mundo se espiritualize.


Por outro lado, existem as pessoas equilibradas na espiritualidade, pessoas que, mesmo buscando o desenvolvimento da saúde, da intuição e da sensibilidade (visando a harmonia com o Todo), não esqueceram o senso crítico guardado em casa. Essas pessoas são ótimas, pessoas que fazem tudo com a maior boa vontade e sempre visam ao bem-estar de todos, pessoas que não estão preocupadas com fofocas ou mentiras e sim com gastar seu tempo sendo honestas consigo mesmas e buscando ao máximo a melhor posição para ocuparem no universo. Existem muitos grupos que trabalham esse lado de forma fantástica, muitos grupos de Xamanismo, Espiritismo, Umbanda, Daime, Bruxaria, Yoga, Reiki, Pranic Healing, Hinduismo, Budismo etc. Quem tiver vontade de conhecer esses grupos, só tenha cuidado para não cair em um grupo em que o pink esoterismo reina, de resto, mergulhe de olhos fechados nos mistérios que existem dentro de si próprio.

Dentro do que se ensina nos meios espiritualistas, existe algo essencial para a boa convivência humana: dar e receber. Para que a pessoa consiga conviver harmonicamente é necessário estar equilibrado em ambos, a pessoa precisa saber dar o que tem de sobra a quem precisa, e também saber receber de coração aberto o que precisa. A fórmula para esse equilíbrio é o exercício da gratidão, palavra-chave muito utilizada nesse meio.

Uma das questões que comumente causa desequilíbrios no 'dar e receber' é relacionada ao dinheiro, e isso está relacionado às raízes da espiritualidade. Quando pensamos nas origens da espiritualidade, temos duas tradições principais:
  • A que tem a matéria como uma prisão do espírito.
  • A que tem a matéria como instrumento do espírito.
Os membros dos grupos que se baseiam na primeira tradição citada costumam ver o mundo físico como algo ruim, algo que limita a alma, que ilude o ser humano e aumenta o ego. Os membros dos grupos que se baseiam na segunda tradição costumam ver o mundo físico como um lugar cheio de obstáculos, que podem ser utilizados para a evolução. Porém, o que vemos na maioria dos grupos hoje é uma "mistureba" dessas tradições, pois não pesquisam as origens dos livros que leem e também não têm senso crítico para entender que as duas visões são melhor utilizadas se separadamente. Em um momento dizem que a mãe natureza é maravilhosa (ou seja, não veem o mundo físico como algo ruim) e em outro momento dizem que tudo é Maya, ou ilusão. Resumindo, entram em contradição e não percebem que não estão percorrendo caminho nenhum de fato.

Assim, considerando as ideias das pessoas que acham que o mundo físico é uma ilusão, teríamos o dinheiro como algo ruim e involutivo. Essa ideia não seria problema se as pessoas de fato seguissem os ideais dessa tradição (que é o total desapego do material, ou seja, sem mais ipads, roupas de marca, celulares, equipamentos de vários tipos, restaurantes chiques etc.; seria algo do tipo: o suficiente para sobreviver, o mínimo de alimentos e roupas possível, muito trabalho braçal - "cortar madeira e carregar água" - e todo o resto do tempo meditando), mas o que mais vemos são pessoas que querem ter um estilo de vida "ocidental" e vender ideias "orientais", pessoas contraditórias no mínimo, quando não, hipócritas. Estas pessoas sempre viverão o paradoxo de querer muitas coisas e não ter dinheiro para fazê-las, pois a maioria não possui uma boa relação com o mundo físico e não tem capacidade de manter uma rotina de trabalho.

De outra forma, considerando as ideias das pessoas que acham que o mundo físico é instrumento do espírito, o dinheiro é neutro, podendo ser tanto bem quanto mal utilizado. Ou seja, o dinheiro se torna um meio de trocas de esforços; a pessoa não precisa achar alguém que queira, por exemplo, trocar trabalhos artísticos por comidas, ela pode trocar sua arte por dinheiro e depois trocar o dinheiro por comida. Assim, teríamos uma relação harmônica de trocas de esforços. Infelizmente existem os preguiçosos e malandros que querem ganhar mais do que se esforçaram em dinheiro, gerando uma corrupção nesse sistema de trocas.

A grande questão espiritual por trás do dinheiro é: Se você quer algo, faça por merecer! Se esforce, produza, cuide, realize, dê o seu melhor! Agindo assim você dificilmente terá problemas com o mundo físico. Não pule etapas, pois pular etapas significará grandes quedas para o lugar a que merece e, normalmente, a dor da queda não vale o prazer do furto.

Citando o post da Soror Ananda S.: "“Não tenho tempo” e “Não tenho “dinheiro” são os principais mantras da autossabotagem. Estamos todos sujeitos a 3 leis irrevogáveis: livre-arbítrio, ação e reação e karma (não, as duas últimas não são a mesma coisa). Aquilo em que aplicamos nosso tempo e dinheiro determina nossa prioridade e, da mesma forma, nossa colheita. Simples assim." Ananda S.

É basicamente isso, há pessoas que falam que não têm 100-200 reais pra pagar por um curso sobre desenvolvimento pessoal, autoconhecimento, espiritualidade etc. mas que gastam 300 reais com roupas (nem vou comentar sobre as pessoas que pagam caríssimo para servir de outdoor de grandes marcas), 100 reais com cabelo e maquiagem e 200 reais em bebidas, viagens, shows e festas. As prioridades simplesmente sustentam o resultado que vemos: pessoas bem arrumadas por fora e em dia com o status, e mal resolvidas por dentro e em grande débito com o karma.

E o pior, há os que fazem isso e ainda falam mal de quem cobra por cursos sobre esses temas, baseando-se na falácia: "de graça damos aquilo que de graça recebemos". Vocês acham que é de graça passar mais de 1000h estudando para preparar cursos? É de graça comprar 50-100 livros para ter uma boa fundamentação? Deixar de lado eventos de família e amigos para se dedicar ao desenvolvimento? Gastar horas arrumando todas as burocracias e questões físicas envolvidas na organização de um curso? Dar um bom curso requer muito, mas muito esforço de quem prepara; poucos são os que dão bons cursos de forma gratuita (mas entenda que é gratuito apenas no físico, no espiritual existirá a conta). A maioria dos que dão cursos gratuitos se enquadra no grupo de pink esoteristas que citei no início do texto. Infelizmente, quem não consegue perceber isso nunca receberá do Universo mais conhecimentos e técnicas do que o banal e o senso comum, pois está indo contra as leis de Prosperidade. Ou seja, pessoas que aumentarão os rebanhos daqueles que só sabem repetir frases de autoajuda cunhadas por 'pastores' (ou gurus) que sofrem de 'síndrome de iluminação precoce'.

Existem algumas técnicas de organização e manipulação do dinheiro que passam pelos meios espiritualistas (que algumas pessoas chamam de técnicas de prosperidade) com que as pessoas podem aprender a se relacionar melhor com ele, podem aprender a lidar com o dinheiro como algo saudável e importante. Mas nunca confunda isso com 'simpatias' e 'magias' de prosperidade, que vendem a ideia de que a pessoa ganhará dinheiro sem esforço pessoal; se a técnica funcionasse, aqueles que espalham a técnica seriam ricos e não precisariam vender livros que ensinam sobre ela. Geralmente o resultado dessas simpatias é mais perda de dinheiro, pois a pessoa reforça sua malandragem e não aprende a se esforçar por ele.

Para concluir, quando se escolhe o caminho da espiritualidade, não é necessário abandonar o senso crítico ou abrir mão dos benefícios do mundo material, mas, com certeza, uma coisa é necessária em qualquer que seja o caminho: esforço pessoal.

Vai dar certo!

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