28 de out. de 2015

Prazer e Dor

Por: Colorado Teus

Satisfação,

hoje venho falar um pouco sobre um tema que parece ser atual, mas é amplamente discutido há mais de 6 mil anos. Por que, para muitos, o prazer e a dor andam juntos? Para alguns, eles são sentimentos indissociáveis (não há prazer sem dor e nem dor sem prazer). O conceito de sadismo e masoquismo algumas vezes parece distante da realidade, pois as pessoas que pensam neles invocam antigos clichês como pessoas com chicotes e algemas nas mãos, esquecendo-se de que isso seria apenas um extremo. Vou tentar mostrar que eles estão muito mais próximos de nossa cultura do que muitos imaginam. Primeiro, assistam a esse clipe e depois continuamos.

* Muitas informações foram tiradas dos livros O Grande Computador Celeste, de Marcelo del Debbio, e A Chave de Salomão, de Lon Milo DuQuette, mas outras vêm de tradições que se perpetuam apenas oralmente.

Como muitos sabem, o ser humano possui dois princípios energéticos em sua essência, Yin e Yang. Yin representa a energia lunar, uma energia receptiva e absorvedora, ligada ao receber energias do exterior; os cultos lunares trabalham em seus membros as características ligadas a essa recepção energética, a energia do carinho, do cuidado, da conexão com os outros e da humildade. Yang representa a energia solar, uma energia expansiva e emanante, ligada à capacidade de doar energia para o exterior; os cultos solares trabalham em seus membros as características ligadas à exteriorização energética, a energia de manutenção da criação, que organiza as criaturas e provê a elas o que elas precisam.

Quando as energias são divididas dentro do ser humano e ele passa a desprezar uma delas, é comum que ele se desequilibre e passe a manifestar o lado negativo da outra energia. Em desequilíbrio, a energia lunar torna a pessoa uma vítima total do universo, assim, ela começa a esconder o que tem para que os outros não possam tomar delas (The Dark Side of the Moon). Já a energia solar em desequilíbrio torna a pessoa alguém que quer impor sua vontade aos outros, quer queiram, quer não, e que sentem muito prazer em fazer aquilo que creem, por questões de fanatismo (já foi provado que a fé e o prazer andam juntos).

Conta a história que na Índia, há uns 6 mil anos, praticamente toda a população participava de um culto lunar chamado Tantra, que era baseado em amor, carinho e conexão. Certa época um grupo de pessoas denominado Brahmacharyas, grupo que cultuava as energias solares, mas que era desequilibrado, chegou à Índia. O que aconteceu foi que eles simplesmente dizimaram a cultura tântrica e conquistaram a Índia (imaginem hippies "fumados" brigando com skin heads e terão uma imagem para representar a 'luta que ocorreu'), criando as famosas castas de sua sociedade. Obviamente os Aryanos (loiros de olhos claros) ocuparam a posição mais elevada das castas e criaram o sistema de uma forma que eles nunca poderão ser tirados de lá enquanto o sistema durar.

Do outro lado do mundo, em Roma, aproximadamente há 3 milênios, começou uma grande revolução em seu império quando foi travada a guerra entre os romanos (totalmente solares desequilibrados) e judeus. Os judeus, apesar de estarem ligados a um culto mais lunar, tiveram influências de outros cultos solares em seu desenvolvimento, tendo assim um certo equilíbrio energético que permitiu-lhes lutar para tentar defender suas causas e ideais. O ápice dessa guerra ocorreu há 2 milênios quando um grande rei, Yeshua Ben Youssef, mais conhecido como Jesus, o Cristo, teve que ceder e fugir com sua família e parceiros para o Egito e, posteriormente, para a Europa. Um grande mito foi criado em torno da figura de Jesus e seus ideais se espalharam pelo império romano, de forma que em aproximadamente 100 anos, a população cristã, apesar da tentativa de opressão pelos romanos, estava em crescimento exponencial. Chegou-se a um ponto em que os exércitos romanos não queriam mais lutar, seus soldados pregavam o amor ao próximo e não queriam mais agredir os outros povos.

Foi aí que um imperador romano, Constantino (que só não é o mais picareta dessa história porque existiu um cara que se chamava Paulo (Vide A Chave de Salomão) e fez muita força para vencer a disputa), teve a ideia de ligar o cristianismo aos cultos pagãos romanos, provocando uma transformação completa em tudo que se falava sobre Cristo, criando até mesmo um livro formado como uma colcha de retalhos de outros livros, escolhidos a dedo para satisfazer o seu propósito. Utilizando-se das ideias de Paulo, Constantino transformou o cristianismo, que era uma cultura de amor ao próximo, de busca pela harmonia, em um culto à vergonha, à culpa, ao ódio, à autodegradação e ao sofrimento. Iniciou-se então a demonização de todos os deuses pagãos (não romanos), nascia um Sol Invicto que passava por cima de qualquer demônio que aparecesse (Jesus foi associado a Mithra, recebeu todas as características de um Deus Solar... o que não teria nenhum problema se esses neocristãos não fossem tão desequilibrados e egoístas). O Sol era usado como um rolo compressor que passava por cima de todos os povos que cultuassem algo diferente dele. Assim, esses neocristãos passaram a sentir prazer em destruir outros povos, pois agora não estavam mais guerreando, mas sim libertando os outros das garras do demônio. Aqui foi um ponto de explosão de sadismo (os que matavam por prazer).

Foram anos de guerra e extermínio, até que o império começou a perder seu poder e a igreja criada por Constantino teve que buscar outras formas de se manter viva. Assim, no século XI começaram as cruzadas, que alinharam os interesses de muita gente (alguns dizem que dentre eles estavam alguns descendentes de Cristo e seus parceiros) com os interesses da Igreja em recuperar seu crescimento. Foram anos de guerras e mais guerras. O que aconteceu foi que alguns templários, guardiões que ficaram responsáveis por guardar os templos de Jerusalém, descobriram alguma coisa importante e voltaram, de súbito, para a Europa. O que eles descobriram, se foi um tesouro, um segredo ou nada, é um grande mistério para todos, mas, após isso, eles começaram a ser muito favorecidos pela Igreja em tudo que queriam fazer. Esses ganhos continuaram até que um dia, não se sabe ao certo o porquê, a Igreja traiu a união que tinha com os templários e matou a todos que conseguiu. 

A partir daí começou-se uma caça a todos que poderiam saber sobre esse mistério, dando início a um dos períodos mais sanguinários da história do mundo: a Inquisição. Voltou-se aos tempos de Roma, em que a Igreja matava a todos que não se submetessem às suas ideias e também matava, por tabela, inúmeros inocentes que participavam de cultos 'estranhos', principalmente mulheres. As bruxas nada mais eram do que mulheres que cultuavam a Lua.  A Inquisição proibiu a 'bruxaria' e começou também a caça a todas as mulheres que faziam qualquer coisa que parecesse com os cultos de bruxaria. Voltamos ao ponto em que o 'Sol desequilibrado' volta a associar prazer e dor e mata muitas pessoas em prol de seu prazer fanático. A inquisição dura até hoje, apesar de ter menos força.

Um momento em que a Inquisição tentou voltar com força para nosso planeta foi quando, no século XX, um "cristão" alemão chamado Adolf Hitler criou o partido Nazista. Esse monstro (que apesar de monstro é culpado por menos mortes do que Constantino e Paulo), estudou e desenvolveu sua energia solar em cultos brahmacharyas, se tornando desequilibrado em seu princípio solar. Note que ele pregava o domínio da 'raça pura aryana' (ou família de bem, como muitos chamam hoje) e sua saudação conhecida como Heil Hitler foi copiada da saudação ao Sol Invicto. Mais uma vez a energia do Sol em desequilíbrio levou o Sol a ser um rolo compressor, tentando dizimar principalmente judeus, negros e gays, fora todos os outros povos que se opuseram à raça pura aryana, o que ficou conhecido como II Guerra Mundial. Aqui mais uma vez temos pessoas que sentiam prazer por matar, pois achavam que estavam livrando o mundo das impurezas.

Essas guerras que citei são casos extremos de masoquismo, elas acontecem quando explode uma panela de pressão que se aquece lentamente no dia a dia. Toda vez que uma pessoa é agredida (pode ser até mesmo verbalmente, não só fisicamente) por ser carinhosa, por amar, por ser mulher ou apresentar características ditas femininas, por ajudar ao próximo, por ser cuidadosa e atenciosa, uma semente aryana abre-se mais um pouquinho dentro do peito do agressor. Podemos ver muito disso nas comunidades tradicionalistas religiosas, mas por pertencer a uma religião não significa que a pessoa esteja desequilibrada nessa energia. Da mesma forma, não pertencer também não significa que a pessoa seja equilibrada. Note como muitos grupos ditos espiritualistas cultuam, sem saber, esses seres aryanos - loiros de olhos claros representando o sol encarnado, como se a única forma de se iluminar fosse quando a pessoa tivesse merecimento para nascer com essas características. "Deuses negros? Atrasadíssimos!" "Deuses que se preocupam com a natureza?" "Deuses misericordiosos? O meu vai exterminar todos que não seguirem seu caminho" "Crianças índigo, branquinhas e de boa família são nosso futuro" e por aí vai.

O yogue DeRose identificou uma questão extremamente importante na formação da mentalidade do jovem de hoje em seu livro "Tantra". Ele percebeu qual é a principal porta de entrada para esse desequilíbrio em nossa sociedade atual, disse que quando os filhos completam entre 13 e 14 anos, seus pais os levam a um bordel para ter sua primeira transa (não são todos os pais, mas entenda que isso é uma cultura em nosso país). Ou seja, o filho aprende o que é sexo de uma pessoa que é totalmente seca com seu 'cliente', que não tem qualquer tipo de emoção, de amor ou de afeto com ele, que fica inventando mentiras do quanto o pênis dele é grande, do quanto ele é 'o foda', e ensina-o que ele precisa agredi-la e xingá-la para mostrar sua superioridade.

Quando a menina vai ter sua primeira transa fica nervosa e com medo de fazer errado, tem um mix tão forte de emoções que acaba se submetendo a qualquer coisa que o rapaz disser que ela tem que fazer, ou seja, ele acaba ensinando a ela o que aprendeu com a prostituta, assim, ela aprende que sexo é tudo aquilo que descrevi no parágrafo anterior. Pronto, a semente do prazer pela dor foi plantada com sucesso e provavelmente germinará pelo resto da vida da pessoa, caso não apareça algo forte o suficiente para ajudá-la a retirar essa semente. Isso chega ao extremo de pessoas que não sentem prazer sexual sem sentir dor! Mulheres que não gostam do sexo se não forem 'esculachadas', 'arrombadas' e humilhadas. Ao mesmo tempo homens que não vêem o menor problema em fazer isso.

Felizmente eu tive o mesmo caso que o DeRose descreve de sua experiência em seu livro, minha primeira vez foi com uma menina que também estava em sua primeira vez, para nós o amor foi um descobrimento, uma viagem interior e exterior de respeito e admiração um pelo outro, de limite de espaço e de vontade. Quando meus amigos me falavam sobre sexo, parecia que estavam falando de outra coisa, de algo que se faz dentro do octógono e não dentro de quatro paredes, completamente diferente de qualquer experiência que já vivi.

Na minha opinião, o sexo é uma das principais portas de entrada para essa semente, mas ela pode ser plantada mesmo dentro de casa, quando se cria uma criança que separa o mundo mentalmente entre 'coisas de macho' e 'coisas de mulher'. Chega-se ao absurdo de falar que 'o homem vai ajudar a esposa nos serviços domésticos' enquanto o certo deveria ser 'o homem vai fazer sua parte nos serviços domésticos'. Se isso não começa com a pessoa ainda criança, dificilmente será corrigido no futuro.

O clipe da Lady Gaga que pedi para que assistissem se centra justamente no sadismo, exatamente o que estava falando sobre a 'agressão e a dor' dentro da 'sexualidade', que também é conhecida por culto ao Phallus. Para quem não conhece a história da criação dessa música, os nomes que a Lady cita na música, inclusive o nome Alejandro, fazem referência aos judeus sendo chamados para entrar na câmera de gás nos tempos de segunda guerra mundial. Pensem numa pessoa esperando para ser chamada para entrar numa câmara de gás, ou seja, esperando o chamado da morte. Ela tenta expôr em sua música a aflição que as pessoas sentiam ao ouvir os nomes de quem eram os próximos a morrer, pedindo desesperadamente para que seu nome não fosse chamado. Em sua imaginação, Alejandro fica pensando na festa e no prazer que os nazistas sentiam ao matar judeus, ela fala do prazer pela dor e pela morte do 'inimigo'.

No meio do clipe há também uma crítica à Inquisição, quando ela utiliza símbolos do catolicismo (cruz vermelha na roupa da Lady e as horas em que ela se veste de freira - a representação da mulher masoquista que aceita e se submete ao sistema) e se joga ao meio dos 'nazistas'. De acordo com o clipe, a união da inquisição com o nazismo, uma união empática, tem como resultado o prazer, o tesão tanto para os sádicos quanto para os masoquistas.

Sou muito grato às feministas que fecham o pulso e lutam contra essa opressão, as feministas equilibradas têm conseguido expôr muitos dos absurdos praticados pelos aryanos enrustidos dos dias de hoje. Elas têm feito um serviço muito grande em prol de todos que lutamos pelo direito de livre-arbítrio que nosso Criador nos deu, de todos que estamos parando pouco a pouco esse rolo compressor descontrolado que vive tentando enfiar o dedo na vida dos outros sem a sua permissão.


"E não adianta vir me ddtizar, pois nem o ddt pode aqui me exterminar, porque cê mata uma e vem outra em meu lugar." Raul Seixas (falando sobre os centros de pestilência criados pelo Livro da Lei).

Paz e luz a todos que conhecem a origem desse sinal:



Vai dar certo!

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