29 de fev. de 2016

Como fazer um tratamento espiritual (parte 1)

por: Colorado Teus

Um dos maiores 'erros' da minha vida foi o abuso no uso de um veneno para atletas chamado Gelol. A droga que leva em sua composição o Silicato de Metila leva muitos jovens despreparados a abusarem de seus corpos físicos, pois oferece um alívio instantâneo à dor em uma região machucada.

Por muitos anos as pequenas lesões não foram problemas para os treinamentos duros e as difíceis competições, pois era só aplicar o spray que a dor sumia, e assim era possível continuar. O grande problema, na verdade, é que sem a dor a lesão era ignorada, sem de fato ser curada. Sem o devido tratamento e tempo de regeneração, as lesões se agravam e começam a exigir tratamentos mais complexos, quando existem. Assim, chegam ao nível de tirar o atleta para sempre de tais competições.
A dor é um mecanismo de que nosso corpo se utiliza para nos avisar de que algo não está legal, de que algo pode estar fazendo mal para ele. Muitas pessoas associam a dor ao mal, mas sumir com a dor não é sumir com o mal, pelo contrário, muitas vezes sumir com a dor é dar forças ao mal, pois passamos a ignorá-lo.

Chama-se tratamento paliativo aquele que é feito apenas para aliviar algum sintoma, como a dor. Em alguns casos esse alívio é importante, pois a dor pode chegar ao nível de não deixar a pessoa se regenerar, mas nem sempre devemos simplesmente eliminá-la, como no meu exemplo com os esportes.

Outros exemplos de sintomas importantes para nosso corpo são o resfriado e a febre, que surgem de mecanismos corporais cuja função é expulsar algumas coisas de nosso corpo. Michael Kraig diz que nunca deveríamos usar a magia para eliminar um resfriado ou uma febre, pois isso atrapalharia nosso corpo no processo de eliminação de corpos estranhos.

Quando falamos de dor, existem vários níveis de dor, do físico à alma mais elevada. Mas a dor, em todos os níveis, surge da Vontade íntima de mudar, mudar alguma coisa que não está nos fazendo bem em algum nível. Assim em baixo como em cima, a simples eliminação da dor com um passe ou ritual não resolverá o problema, apenas tratará o sintoma, será paliativo.

Mais uma vez, assim em baixo como em cima, muitas vezes é necessário um passe ou ritual para aliviar as dores da alma, pois elas podem ter chegado ao nível de não deixarem a pessoa evoluir, mas percebam que não é sempre.

Aquele que faz uso das técnicas de espiritualidade e magia simplesmente para eliminar a dor, banir as energias negativas, afastar todo o mal e sentir prazer, está fadado a viver espiritualmente entorpecido. Como disse Crowley:

"Aqueles que pensam ser este ritual apenas um meio de invocar e banir espíritos são indignos de possuí-lo. Se compreendido adequadamente é a Medicina dos Metais e a Pedra do Sábio."

O verdadeiro objetivo da espiritualidade e da magia é nos ajudar a nos tornar pessoas melhores, e, para isso, muitas vezes, o melhor caminho é suportar a dor e aprender com ela. Como dizia minha mãe de santo: "A dor é certa, o sofrimento é opcional"; só sofre com a dor aquele que não a entende intimamente, como algo que pode ajudá-la a se melhorar.

Mais importante do que curar a dor, é curar aquilo que está dando origem a ela. Mais importante do que expectorar, é tirar o vírus de seu corpo. Mais importante do que se sentir bem com um passe ou alinhamento de chakras, é ensinar a pessoa a parar de gerar ou absorver tantos miasmas. Mais importante do que aliviar a dor do erro do outro, é conscientizá-lo de suas limitações para que consiga evitá-los.

A origem da chamada espiritualidade paliativa está em pessoas que a buscam por questões de prazer e vaidade, pessoas que buscam resultados rápidos para problemas que exigem anos de esforço para serem de fato resolvidos. São pessoas que buscam por milagres, que acham que a solução de sua vida está em algo externo que as salvará, não no esforço e trabalho pessoal.

Para entendermos a questão da verdadeira cura da alma, precisamos entender um ditado em latim que diz 'Nature abhors a vacuum', que significa algo próximo a: a natureza não gosta do vácuo. Essa afirmação nos remete à ideia de que sempre que tiramos algo de algum lugar, geramos um vácuo; mas a natureza não gosta do vácuo, sempre que existe um vácuo ela tenta preencher. Por isso, sempre que tiramos algo de alguém (como um comportamento ou um hábito), precisamos preencher o vácuo que é gerado com algo bom, ou a natureza (os instintos) preencherá sozinha (e aqui pode entrar qualquer coisa).

Vamos supor o caso de uma pessoa que está com o Chakra Umbilical desequilibrado. O médium/mago destreinado acha que aplicando um passe nesse chakra o equilibrará e o tratamento está feito. O médium desenvolvido irá buscar pela causa do problema e o que aquilo está gerando em sua vida; normalmente o umbilical desequilibrado coloca a pessoa na preguiça, na falta de vontade de agir. A causa desse desequilíbrio, dentre muitas, pode ser um vício (cigarro, bebida, maconha, vídeo-game etc.) e isso tira a força da pessoa para trabalhar no plano físico. Simplesmente falar para a pessoa deixar esse vício também não resolverá o problema, pois gerará um vácuo, então, é necessário preenchê-lo ou ensinar como preenchê-lo. No caso do umbilical, a pessoa pode ser direcionada para a arte ou algo que exija criatividade.

Ajudando o consulente a entender toda a questão, ele terá a possibilidade de seguir um caminho em que ele de fato consiga uma cura, não paliativa, mas direcionada ao problema. É aí que entram os rituais, passes e 'descarregos', para colocar o consulente numa condição em que ele consiga ir atrás dessa cura. Sem o ensino de como mudar o comportamento e os hábitos (o que é preciso tirar da vida da pessoa? O que podemos colocar no lugar?), as técnicas podem até atrapalhar a pessoa, pois eliminam a dor e ela não é capaz de identificar e buscar um caminho melhor para a vida dela.

Vai dar certo!

3 comentários:

  1. Opa, tem de postar essa série no TdC depois hein :)

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  2. Parabéns Lucas, um dos melhores textos que já li sobre desmistificação da mediunidade!

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